Grandes divergências em torno da Guiné-Bissau, na reunião informal dos Presidentes dos Parlamentos da CPLP, motivaram um bom atraso nos trabalhos, mas acabaram por dar origem a uma decisão histórica: o reconhecimento do Pacto e Acordo de Transição, saídos do golpe do ano passado, abrindo assim o caminho à regularização da situação da Guiné-Bissau na organização.
Ramos Horta não apareceu na conferência de imprensa, mas mandou recado: tem um «plano completo e bem organizado na cabeça» para a Guiné-Bissau. Grande cabeça... Pena que não lhe tenha ocorrido que os interessados poderiam gostar de conhecer em primeira mão esse projecto global e finalizado (enlatado e «chaves na mão», funciona sempre e prescinde dos guineenses)...
Uma vez que foi convidada a delegação guineense (presume-se que a título de «observador»), seria interessante que um jornalista «a sério» tratasse de descobrir (para a história) a razão das fortes divergências ocorridas. Eu não sou mosca (quer dizer, só de nick), mas presumo que o representante de Angola terá sido um dos pólos de divergência, como fez questão de informar...
Só não percebo é esta perseguição doentia, este estigma esquizofrénico à cplp. A GB após o golpe de estado foi excluída de todas as organizações internacionais a que fazia parte ou cooperava, a saber: a união europeia, com sansões, a onu com sansões, a união africana com sansões, até a francofonia, mas V. Exas. só se preocupam com a cplp, será por este (parecer) ser o elo mais fraco de todas?
ResponderEliminarNo entanto, é elementar. A CPLP são irmãos; deveriam ter sido os últimos a fazê-lo... além disso, foi a CPLP e Portugal (depois de terem caído na esparrela que lhes armou José Eduardo dos Santos) que andaram a instigar os ânimos contra a Guiné-Bissau. Quanto à fraqueza, não admira, com tiros no pé como este... Deveriam indemnizar os guineenses, pelos danos morais, inscrevendo-o a débito da estupidez de Paulo Portas (também custou ao estado português, já falido, 6 milhões de euros só para as fragatas) Paulo Portas abusou claramente da CPLP, desgastou a posição internacional de Portugal, delapidou um enorme esforço diplomático... para quê? Essa sim, foi uma perseguição esquizofrénica.
ResponderEliminarNão creio que se deva criticar a CPLP pela sua postura no golpe de estado de 12 de Abril.No fundo ela foi identica á de organizações bem mais abrangentes como a U.A. e as Nações Unidas. Esquizofrénico foi a posição da CDEAO que de "Tolerância zero a golpes de estado", passou para a posição de ..."a não ser que sejamos nós a patrociná-los". Todo o estúpido show-off de Portas é próprio de políticos que gostam de holofotes, mas na minha opinião a posição da CPLP foi a de um irmão zangado com outro que cometeu um crime.E um crime do qual sofrem hoje mais de um milhão e meio de irmãos!
ResponderEliminarMarcelo Marques
Um crime? Porque o considera assim?
ResponderEliminarMorreu alguém? Poderia questionar-se sobre quantos morreram antes e quantos mais teriam morrido depois e até hoje, se não se tivesse dado o contra-golpe...
Mas, Marcelo, o caro amigo é brasileiro? Seja bem-vindo. Será que poderia aduzir argumentos para qualificar o pretenso «crime» de que fala? Conhece os meandros?
E esquizofrénico é a palavra adequada: todos os recursos diplomáticos empregues, a presença de Portugal no Conselho de Segurança que se delapidou sem proveito nem glória, a etiqueta de «grande chato» colada nas costas do Ministro dos Negócios Estrangeiros...
ResponderEliminarMeu caro emplastro, você passa das marcas e consegue mesmo tirar uma pessoa do sério.
ResponderEliminarUm golpe de estado não é um crime?
Poderia questionar-se sobre quantos morreram antes…! Quem é o Guineense que não sabe que foi o António Ndjai quem mandou matar Nino Vieira…? Que armou a cilada ao Yu e deu cabo da vida do homem…? Os assassinatos não continuaram na Guiné? Ou será que quer enganar brasileiro? Portugal só falha numa coisa, é a falta de coragem para congelar os bens dos golpistas no poder em Portugal. Basta chegar ao Prior Velho para saber do apartamento de luxo comprado a preço de ouro (melhor coca) a pronto pagamento pelo ministro porta-disparates do actual governo…
Deixe-se de abusar da paciência do Guineenses…
Caro anónimo:
ResponderEliminarTodos os guineenses sabem que quem deu a ordem para a morte de Nino foi o próprio Tagma (depois de morto, perguntará?: SIM!).
Os assassinatos políticos continuaram? Enumere, por favor...
Um golpe de estado não é forçosamente um crime. Senão teria de chamar criminosos aos capitães de Abril (há que ponderar questões de legitimidade). Um contra-golpe, ainda menos. Neste caso, foi uma benesse.
Só quem não viveu na GB no antes e no depois de Abril de 2012, pode não reconhecer como crime o golpe de estado.
ResponderEliminarCrime porque na minha perspectiva um golpe de estado só é justificável para por termo a uma ditadura, e nós estamos a falar de um governo legitimado por cerca de 68% dos eleitores, crime porque a luz que se via ao fundo do túnel foi apagada, e crime porque o Povo Guineense que já vivia com alguma dificuldade passou para um patamar de maior dificuldade ainda.
E garanto-lhe que falo com conhecimento absoluto de causa!
Não me parece que seja essa a opinião da maior parte da população. Infelizmente não podemos recorrer a um tira teimas estilo «instantâneo» eleitoral. Eram necessárias sondagens relevantes.
ResponderEliminarO caro Marcelo (a quem desde já agradeço pela relevância do contributo) bateu na tecla certa. Um golpe de estado (neste caso, por isso lhe chamamos um contra-golpe) só é justificável para pôr termo a uma ditadura. Este contra justifica. O que estava em causa era a ditadura da banhada (consensual, claro) que se preparavam para impingir com o beneplácito da comunidade internacional, mancomunada com interesses pouco transparentes, nas costas dos guineenses (dispostos a tudo para manter o seu poder e influência). Pode rever os seus manuais de Ciência Política, mas o caso é claro e flagrante. E real, já agora; que nem sempre o plausível toma configuração tão palpável.
Por isso a Guiné está de parabéns. Sobreviveu à conspiração.
Absoluto é um Vodka finlandês magnífico!
ResponderEliminarSinto-me incapaz de entrar numa conversa em que se discute a contabilidade dos mortos, se A matou mais ou B perdeu porque matou menos. O que se deveria discutir é o que é preciso fazer para acabar com isso, e promover a concórdia, o desenvolvimento e o bem-estar dos Guineenses.
ResponderEliminarE reafirmo que o golpe de estado foi um crime porque adiou de novo as esperanças de um Povo.
Quando se conquista nas urnas 68% dos votos, quando 4 anos depois se consegue sozinho quase tantos votos como os demais candidatos, quando em 80 observadores internacionais OITENTA declaram que as eleições foram justas honestas e transparentes, e você vem com a afirmação de que…”o que estava em causa era ditadura da banhada……”parece-me indigno de alguém que defende direitos e valores de democracia.
Seria interessante reviver as diversas manifestações que ocorreram em Bissau em 2011, os constantes insultos aos governantes, a forma ordeira como ocorreram, o comportamento civilizado das forças de segurança em todas elas, e comparar com as tentativas de as efectuar em Maio/Junho de 2012, em especial no Bairro da Ajuda, e assistir ás ameaças feitas pelas mesmas forças de segurança reforçadas por militares, a brutalidade usada contra os jovens, as câmara retiradas a jornalistas, e poderia dar muitas mais exemplos, mas repito, talvez se você tivesse assistido a isto mudasse de opinião.
Lamento muito um ano depois se continue a defender o que o mundo inteiro com excepção do comando militar, de 5 candidatos frustrados, e 3 países ressabiados e interessados em manter a Guiné-Bissau na miséria,defenderam na e apoiaram e concretizaram na altura.
E termino dizendo-lhe que é indiferente para mim que a GB seja governada por A ou B, o que gostaria é que fosse por alguém sério, honesto, interessado em defender os interesses do seu Povo, e que fosse legitimado por esse mesmo Povo.
Marcelo Marques
Quanto ao vodka, prefiro de longe um moscatel de Setúbal ou uma aguardente de cana de Jugudul.
ResponderEliminarMarcelo Marques
Caro Marcelo:
ResponderEliminarObrigado pelo contributo, desassombrado e esperançoso. Compreendo a sua percepção da validade dos argumentos que emprega. No entanto, se ler os meus contributos neste blog ao longo dos últimos 14 meses, poderá reparar que eu não defendo valores democráticos, acho mesmo que é sobre uma interpretação errada desse conceito, que se baseia a falácia esmagando sob o seu peso de chumbo, um país especialmente carente de boa governação, como é a Guiné-Bissau, para poder descolar como nação.
O que está essencialmente em causa é a responsabilidade no exercício do poder, um compromisso consistente com o desenvolvimento, um projecto claro, uma atitude de empenho, uma cultura de transparência. E, por incrível que possa parecer, num contexto supostamente «golpista», há bons sinais de que essa reflexão tem acontecido, a vida política tem sido ultimamente muito mais activa e intensa, a liberdade de expressão em Bissau atingiu níveis nunca vistos, o Presidente tem-se desdobrado em tentativas para mostrar o caminho.
Concordo consigo quando diz que não interessa que seja A ou B (ou outra letra qualquer excepto C) a governar a G-B; interessa sim discutir o perfil adequado e as expectativas, o «roteiro» da sua Presidência, criar um momento de discussão que possa beneficiar o endosso do cargo, independentemente de quem lhe venha a vestir a camisola.
Tinha 12 anos em 1974 mas rapidamente me apercebi do significado das palavras ditadura e democracia, e rapidamente escolhi a segunda com principio a defender.
ResponderEliminarEmbora só tenha votado uma vez na minha vida porque não acreditar em nenhum político em Portugal, quase 40 anos depois continuo a defender o principio básico da democracia.
Manuel Serifo Nhamadjo pareceu-me sempre uma pessoa com perfil para o lugar que hoje ocupa, digo isso desde os tempos em que era vice presidente da ANP .Porém o facto de ter feito parte do grupo dos FAMOUS FIVE, mas não dos meus heróis de juventude,e mais tarde aceitar um lugar que considero totalmente ilegal é o suficiente para o não considerar capaz de fazer parte do futuro político que ambiciono para a GB.
Reconheço o seu empenho, a sua disposição para promover o dialogo mas tudo isso só seria aceite por mim num plano de conquista pelas urnas,e ele teve essa oportunidade!
Se o povo não o quis nesse lugar ele deveria ser o primeiro a recusar fazer parte desta situação.
Marcelo Marques
Caro Marcelo:
ResponderEliminarEu tinha metade, meia dúzia de anos, quando se deu o 25 de Abril. Nunca votei na vida, porque, tal como o Marcelo, não me reconheço nos políticos portugueses. Faz-me lembrar um slogan do PREC: «O voto é a arma do povo; não deites fora a arma».
Mais que interessante, parece-me motivador que, como português, desiludido com o «seu» regime, se preocupe, e «ambicione um futuro» para a Guiné. Não poderia desenvolver (curiosidade minha) a origem desse interesse? (que pelos vistos temos em comum)...
Quanto ao lugar presentemente ocupado por Nhamadjo, julgo que seria interessante encontrar uma personalidade com um perfil adequado a uma terceira via, como defende Mamadu Saico Embaló no Progresso Nacional:
ResponderEliminarhttp://progressonacional.blogspot.pt/2013/06/opiniao-o-trio-vencedor-das-proximas.html
O "meu interesse" advém do facto de viver na GB desde á alguns tempos com algumas passagens pelo meu País!
ResponderEliminarViver na GB significa entranhar no corpo e na alma o espírito deste Povo sofrido, enganado á procura de um rumo.
Sentir na alma o sorriso nem sempre encantada das crianças, o brilho baço dos jovens por não os deixam acreditar, o olhar desencantado deste povo a quem Cabral fez sonhar e outros desesperar.
Quanto ao lugar de Presidente, embora entenda que existam personalidades dentro e fora da política com esse perfil, é ainda prematuro falar nisso uma vez que as Legislativas serão realizadas em primeiro lugar.
E por ultimo, mesmo chocando algumas mentes penso que enquanto não for feita a verdadeira reforma das forças armadas da GB, não faz sentido avançar para um modelo de democracia que se impõe no entanto.Porque na GB ninguém manda sem o ok dos militares!
Obrigado, caro Marcelo, pela exposição. A Guiné-Bissau é uma terra de poetas e faz amigos com facilidade. Desde já lhe lanço o desafio oferecendo-lhe a possibilidade, se quiser partilhar as suas emoções e opiniões (mesmo adversas, claro) de uma forma estruturada, espaço aqui no blog do 7ze. Basta enviar-me o artigo com o respectivo título, que será publicado.
ResponderEliminarUm grande abraço
Obrigado desde já pelo convite. Não reconheço em mim qualidades para escrever, porque sinto que para tal é necessário conhecer bem a nossa língua e a nossa extensa gramática, e os meus estudos ficaram muito aquém disso. Escrevo quando as emoções do que sinto a isso me obrigam, mas só nas circunstâncias que assistiu.
ResponderEliminarSobre a GB naturalmente sinto, vejo, leio e ouço muito! Concordo e discordo de muita coisa, tenho a minha opinião, que reconheço, é emotiva e resulta do encontro físico com o país e os seus cidadãos, em particular as crianças e jovens.
Infelizmente nesta altura estou em Portugal e por razões meramente mercantilistas em vias de regressar a África mas desta vez a uma outra, igualmente com as nossas raízes, alguma cultura e tradições, onde provavelmente irei ganhar dinheiro, mas perder valores que só existem (acredito) naqueles 36 mil metros quadrados. Perderei alguns, ganharei outros, essa é a riqueza da condição humana, fazer da vida uma aprendizagem.
No entanto, quem sabe, a vida dá tantas voltas, e como disse uma caricatura da nossa política, você, eu, e tantos vamos mais continuar a andar por aqui!
Eu reconheço-lhe qualidades para escrever. Tal como há pouco tempo defendi aqui, mais importante que a forma, é o conteúdo. É a partilha de informações e emoções. E o Marcelo não dá erros gramaticais, uma ou outra gralha por distracção. Quando falava da Guiné-Bissau atrair poetas, também me referia a si. O Marcelo escreve bem.
ResponderEliminarBoa sorte nas suas andanças lusófonas. E, tal como duvido, quando alguns historiadores acusam as motivações de Dom João II (para os Descobrimentos) de puramente mercantilistas, também duvido que as suas o sejam exclusivamente. Está-lhe no sangue. Ser universal.
Um abraço fraterno
Já agora, Marcelo, envie-me a sua morada em Portugal para o meu email
ResponderEliminarjose.fernando.gomes@gmail.com
Gostaria de lhe oferecer uma tela de Nelson Mandela, que tanto admira, a título de reconhecimento pelo valioso contributo prestado neste blog.