Ao olhar para a composição do novo governo, fica-se com a lamentável sensação de que se voltou à «vaca fria». Malam Mané expressou-o bem na página do Doka (citada na DC):
«Grande parte dos ministros agora nomeados já estiveram no governo em outras oportunidades e nada fizeram que fosse digno de referência. A prova disso é que o País continua como está! E cada vez pior!… Por que razão essa mesma gente é sempre chamada para governar o país, mesmo sem nunca terem dado provas de competência e saber fazer??? Será mesmo que a Guiné-Bissau não tem mesmo alternativas em termos de recursos humanos???… Será que o interesse dessa gente é servir a Guiné-Bissau ou se servirem da Guiné-Bissau???… Delfim, Ocante, Soares Sambu, Daniel, e outros, o que vocês têm de útil e de novo para oferecer ao País???…»
Os guineenses estão mais exigentes, querem o seu problema definitivamente resolvido, querem um pacto de regime claro, estão decididos a aproveitar o actual momento para uma mudança efectiva e não se contentarão com a farsa do costume, esperam uma receita nova, o que não pode ser conseguido com velhos ingredientes.
Querem governantes «virgens», não só tecnicamente competentes como humanamente dignos. A única opção viável parece clara: cortar definitivamente com o passado. O desafio é de uma amplitude maior que um simples rearranjo; está em causa um novo design político, um esquema de poder que abstraia os velhos partidos e os vícios entranhados.
O erro parece estar no próprio conceito: inclusivo. Pelos vistos, rapidamente o PAIGC conseguiu desvirtuar a ideia (que consistia na qualificação e responsabilização da sociedade civil, dos líderes religiosos, das associações profissionais, das próprias Forças Armadas) para interpretar a seu favor a «inclusão» (pois estavam arredados do poder e não suportam isso).
É preciso virar o bico ao prego. O próximo Governo deverá partir do princípio da «exclusão». Consulte-se o manual recentemente publicado por Filomeno Pina: «perfil de liderança sem rabos-de-palha, sem medo, frontal e capaz de funcionar numa organização com transparência, fazendo uso constante do princípio do debate de ideias e de projectos».
É ingenuidade pensar que bastam «eleições» para resolver os problemas do país.
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