sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A loucura continua



Aparentemente sob a indiferença generalizada... À beira do colapso financeiro, $ & € só pensam em atear fogueiras. É grave: Obama ameaçou directamente o presidente sírio e Sarkozy o Irão...

Ontem, quinta-feira, o telejornal da RTP1 foi uma triste e repugnante encenação à escala nacional. Os dois líderes da coligação governamental, numa constrangedoramente servil operação mediática, abanavam o rabinho à NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros, numa extemporânea, deselegante, desnecessária e prematura manifestação de reconhecimento implícito de uma «revolução» (inacabada, mas pronto), deslocou-se à Líbia, para participar da «partilha dos despojos»; com tanta gente a morrer, referia-se pateticamente às magníficas oportunidades que se abrem para os empresários portugueses... O primeiro-ministro recebia o Secretário Geral da NATO, para anunciar a transferência para Lisboa do Comando desta organização, já não apenas defensiva, mas agora vocacionada para a ingerência programada nos assuntos internos de estados soberanos.

Uma breve ilusão de poder e um preço alto a pagar: mais que uma ofensa, é um crime, associar o nome de Portugal a esta barbárie. Que temos nós a ver com esta loucura? Que temos a ganhar? Aos betos irresponsáveis que nos governam lembro as promessas que nos fizeram pela participação na 1ª Guerra: nem uma migalha caiu da gamela dos grandes... Não nos arrastem para a estupidez em preparação, deixem-nos cá quietinhos no nosso cantinho reduzidos à nossa tranquila insignificância; quanto ao hipócrita do jornalista falhado que é Paulo Portas, lembre-se dos combatentes da guerra colonial, dos quais popular e demagogicamente muito abusou, esses tempos acabaram, não faça pouco das pessoas. Já nos custou bastante sarar as feridas do Império. Então nós íamos neocolonizar a Líbia? Quando chegámos aos Açores e à Madeira não havia lá ninguém; olhe que na Líbia há líbios. Não se meta nisso, não estou a vê-lo a ter lições de árabe. Talvez sinta antes necessidades de pedir ao Dr. Adriano Moreira umas lições de geopolítica (para não falar de um mínimo de bom senso e tacto, que não será demais pedir a quem ocupa o Palácio).

Não será a inventar ameaças, a aumentar a intolerância, a promover as guerras e dissenções que se vão resolver os graves problemas mundiais. Ao estarem a apoiar estes actos criminosos, Passos Coelho e Paulo Portas são passíveis de ser acusados de Crimes de Guerra. E entretanto arrastam o nosso país e a nós todos, ainda com uma imagem positiva perante muitos povos, para uma escalada de loucura e animosidade que não augura nada de bom. Em vez de procurarem fazer pontes, dinamitam-nas... Isto é de loucos e em tudo contrário à tradição e vocação universalista portuguesa.

Quanto aos pilotos da Força Aérea, sugiro que se recusem a operar nesse cenário, como o piloto canadiano que deu o exemplo, recusando-se a sair em missão quando analisou os alvos que lhe estavam alocados. Seria uma desonra para o exército português uma participação, por mínima que seja, nesta guerra cínica. De cada vez que mudam os conceitos geopolíticos, há uma grande guerra. Lembre-se o Congresso de Viena: era preciso tramar Portugal e Espanha, então o Direito «Colonial» Internacional «evoluiu» e passou do «primeiro a chegar» para quem «ocupava de facto»... a coragem e determinação dos nossos exploradores ainda permitiu que atravessámos África, mas não impediu o fim brusco e infeliz do mapa cor-de-rosa, ainda antes de o nosso Corpo Expedicionário ser «sacrificado» (pelos nossos queridos «aliados») na batalha de La Lys (os rapazes é que eram rijos e aguentaram-se).

Resumindo: esta não é a nossa guerra. Então e ninguém faz nada? Se calhar devíamos ir para a Praça do Comércio manifestar contra o regime «democrático» que foi colocando no poder políticos corruptos e medíocres que nos sobre-endividaram e agora, betos sonsos e inconscientes que estão apostados em conduzir-nos alegremente para o abismo, sem o mínimo de orgulho ou considerações relativamente à identidade e soberania nacional. O cão do gramofone não faria melhor. Lamentável falta de dignidade. Vil. Repugnante.

Não à venda de soberania! Nem mais um soldado para as colónias (dos outros, ainda por cima)!

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