segunda-feira, 19 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Requiem por Obama

Obama vai passar esta semana numa maratona em reuniões na ONU cuja agenda, como muitos já suspeitam, vai ser crucial para o futuro, onde as paradas vão ser altas; e o risco elevado para a humanidade. Mas o facto é que este Obama é agora um homem fragilizado, pois perdeu o comboio da história, talvez mesmo o da sua própria dignidade. Acossado pelos candidatos republicanos, com as sondagens em queda livre, o efeito Líbia virou-se contra ele. Feitiço contra feiticeiro. Eleito com promessas de aliviar o peso da máquina de guerra no exterior, traiu as expectativas optimistas que nele depositaram (e não só na América, mas no mundo), antes propondo-se conduzir a América a novas guerras, sem o mínimo de credibilidade. Anunciou há três semanas uma vitória certa em dois ou três dias para a Líbia, agora encontra-se num beco sem saída.

Dez anos e uma semana após o 11 de Setembro, os americanos começam a desconfiar da maneira de fazer política de todos os que caem naquela Casa, por boas que sejam as suas intenções iniciais: de boas intenções está o céu cheio. Agora que a América está na bancarrota, que está feita a catarse do 11 de Setembro, «enterrados os mortos», alimento a sincera esperança que uma fagulha ilumine o seu povo e que da próxima eleição presidencial saia um homem pacífico, mas firme, mais virado para o comércio que para a guerra. Vão ser lastimáveis e penosos, os últimos dias de Obama: a perda da Casa, o descrédito, a desonra, a vergonha, o abandono dos amigos, a traição da mulher; mas que se console, seria muito mais grave se fosse apanhado pelos rebeldes líbios.

Escalada nas palavras

Naquilo que parece ser uma resposta ao embaixador russo na ONU, que anda pelos bastidores a dizer que esta Administração americana não tem qualquer credibilidade, o Secretário-Geral da NATO deu hoje uma entrevista à mesma televisão Russia Today. Vejam-no a ser devorado pela jornalista! O momento para o qual quero chamar a vossa atenção está aos 11'40'': pressionado, o louco irrita-se e, numa entrevista pausada e insonsa, sobe o tom e diz: «A NATO não tem intenção de atacar a Rússia!».


Que grande gaffe: então vai à televisão russa, sem ver na íntegra a reportagem de ontem? É que o embaixador já gozava com todas as afirmações e garantias dadas pela NATO. Deve ter caído mesmo mal, aos russos, que aquele mesmo que o seu embaixador acabara de acusar de mentiroso, viesse agora levantar o tom dessa maneira: se tivesse afirmado, por exemplo, que «estava preparado para o fazer, se fosse necessário», não caíria tão mal!



E escusa de estar a dizer (a dizer, não, a insistir muitas vezes) que é para proteger civis dos ataques, porque todas as fontes referem que a população de Ben Walid fugiu! Pura e simplesmente, já não há lá ninguém para o regime atacar (para além da praga de ratos e baratas, claro).


O retorno da Guerra Fria?

Rússia ameaça América... Segundo o seu Embaixador permanente nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, agora que o «novo poder» líbio recebeu reconhecimento internacional, há que levantar a «Zona de exclusão aérea», silogismo assassino que a NATO prostituiu até ao inimaginável. Vejam a entrevista concedida, em inglês, à televisão Russia Today: o ponto interessante vem entre o minuto 8 e o minuto 9.




A jornalista (russa também) pergunta ao embaixador em relação à posição da Rússia quanto à Síria. O embaixador, com um ar solene, avisa então que «quaisquer ideias dos Estados Unidos para repetir o cenário líbio na Síria, teriam consequências altamente destrutivas. Os meus colegas ocidentais juram a pés juntos que não é sua intenção usar a força.» Depois, um pouco de ironia: «Apenas acidentalmente, tenho de lhes lembrar que quanto à Líbia também recebemos múltiplas declarações e garantias, que vimos depois rapidamente esquecidas».

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Amnistia Internacional acusa rebeldes de Crimes de Guerra

A situação evolui rapidamente. O pseudo-chefe do novo pretenso-governo desembarcou em Tripoli, para logo se desentender com o comandante militar (pura e simplesmente organizou a pilhagem sistemática de casas de oficiais leais a Kadafi e de empresários ausentes da cidade), que invadiu a cerimónia sem ser convidado e lhe deu um valente empurrão. Agora que «estão» no poder, começam os verdadeiros problemas de como o repartir, que farão de mais esta sequela do 11 de Setembro um novo Afganistão ou Iraque.



O mundo começa a perceber a monstruosa maquinação urdida pelos terroristas da NATO, escondida por detrás das «boas intenções» propaladas pelos média. A AI denunciou as atrocidades cometidas em larga escala pelos rebeldes, desenterram-se todos os dias valas comuns com soldados leais executados a sangue frio.


Obama, em flagrante violação da Constituição (e da sua própria consciência - se não a tivesse perdido - pois enquanto Senador, nos tempos de Bush, fartou-se de invocar a Constituição nesse sentido), porque estava formalmente a refugiar-se numa prerrogativa presidencial de 90 dias para esta operação da NATO, foi obrigado a pedir ao Senado uma extensão, que, grande coincidência, foi a plenário a 11 de Setembro. Oiçam as declarações do futuro presidente americano Ron Paul... prepara-se para ganhar as eleições apenas a desenganar americanos quanto a esta absurda guerra, face aos erros e barracas que dá o actual. Claro que os media não lhe dão grande atenção...




Em declarações à TV, há cerca 4 meses, aquando do primeiro pedido de Obama... http://www.youtube.com/watch?v=xXvjsw-GTKs


O abcesso de Ben Walid, não sendo controlado, incha! Reparem nas «famílias que deixam Ben Walid», vejam nos carros e carrinhas: só crianças e velhos; não se vê uma única mulher a sair de Ben Walid; também elas vão continuar a resistir; passou a ser popular, a resistência.


A China, depois de ter veementemente condenado os bombardeamentos terroristas e criminosos da NATO, vem agora reconhecer que a «nova autoridade» representa a maior parte do povo líbio. Interesseiros? Com medo de perder os biliões em contratos em curso? Não parece que essas sejam motivações para o Partido, já atulhado em dólares aos quais não sabe o que fazer. Parece tratar-se antes de uma jogada diplomática: assumir uma posição de bloqueio no Conselho de Segurança (deveriam tê-lo feito antes vetando a resolução 1973) colocaria a China «nos cornos do boi» e teria elevados custos políticos e talvez pouca eficácia. Assim, estando «do lado certo», reconhecendo o «novo governo», poderão vetar qualquer extensão ao Mandato da ONU/NATO, pois é da competência «do novo Governo», sobre o seu «território». De qualquer forma, poderão sempre depois, como exigem os manifestantes nigerianos enquanto gritam ao seu governo: «desreconheçam o NTC» (e também «acabem com o black genocide»).


Vejam também as declarações patéticas do coitado do dinamarquês que tem o azar de ser Secretário Geral da NATO: surge mais crispado que um defensor de Ben Walid! E quando tem de afirmar que está a defender civis? Definitivamente, o senhor não foi talhado para o papel hipócrita que lhe pedem para representar, está a envelhecer muito depressa e a torturar-se por dentro. Pode sempre pedir a demissão, meu caro, talvez durma melhor! (vejam as mãos!) http://www.youtube.com/watch?v=YP8zzyyuGlg

domingo, 11 de setembro de 2011

Abcesso de fixação

Grande derrota dos terroristas em Ben Walid. Depois de terem entrado na cidade, no Sábado de manhã, foram dispersos em múltiplos combates de rua e obrigados a recuar sob fogo cerrado sofrendo elevadas baixas. Salif parece apostado em criar ali um abcesso de fixação e está a consegui-lo: para já aliviou a pressão sobre Sirte; impotentes face ao desafio, os pretendentes ao poder em Tripoli estão a tentar concentrar o máximo de forças para controlar o «abcesso», dando os primeiros sinais de fraqueza (a data para o ataque «final» tem sido sucessivamente adiada escondendo-se atrás da aparente e cínica «boa vontade» para negociar e «evitar mais derramamento de sangue») ; enquanto Salif concentra as atenções, adapta as suas tácticas (em entrevista à televisão francesa, avisou que a sua vantagem está agora no combate não convencional) e aprende a lidar com os bombardeamentos da NATO, ganha um tempo político precioso, mantendo «o perigo», à espera que acabe o mandato (27 de Setembro) da ONU e a Aliança terrorista deixe de ter cobertura para operar nos ares... A própria NATO começa a dar sinais de desespero com a aproximação da data, tendo em conta a oposição da Rússia, China, Brasil, África do Sul, etc. Com esta clara vitória de Salif, começam também a notar-se sinais de desagregação da aliança rebelde contra-natura: desinteligências entre grupos rivais provocaram 12 mortos; agora até já se matam uns aos outros.

De Ben Walid não passarão!

PS De parabéns está a Guiné-Bissau: quando elementos da embaixada líbia retiraram a bandeira verde e colocaram um farrapo tricolor, foram imediatamente accionados para reporem a única bandeira acreditada e reconhecida internacionalmente. O que agora se passa na Líbia é algo parecido com o que se passou na Guiné-Bissau após o 7 de Junho de 1998: face a uma invasão estrangeira, esquecem-se antigos desentendimentos e toda a população se une para resistir ao invasor. Que grande símbolo, o Poilão de Brá.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A loucura continua



Aparentemente sob a indiferença generalizada... À beira do colapso financeiro, $ & € só pensam em atear fogueiras. É grave: Obama ameaçou directamente o presidente sírio e Sarkozy o Irão...

Ontem, quinta-feira, o telejornal da RTP1 foi uma triste e repugnante encenação à escala nacional. Os dois líderes da coligação governamental, numa constrangedoramente servil operação mediática, abanavam o rabinho à NATO. O ministro dos Negócios Estrangeiros, numa extemporânea, deselegante, desnecessária e prematura manifestação de reconhecimento implícito de uma «revolução» (inacabada, mas pronto), deslocou-se à Líbia, para participar da «partilha dos despojos»; com tanta gente a morrer, referia-se pateticamente às magníficas oportunidades que se abrem para os empresários portugueses... O primeiro-ministro recebia o Secretário Geral da NATO, para anunciar a transferência para Lisboa do Comando desta organização, já não apenas defensiva, mas agora vocacionada para a ingerência programada nos assuntos internos de estados soberanos.

Uma breve ilusão de poder e um preço alto a pagar: mais que uma ofensa, é um crime, associar o nome de Portugal a esta barbárie. Que temos nós a ver com esta loucura? Que temos a ganhar? Aos betos irresponsáveis que nos governam lembro as promessas que nos fizeram pela participação na 1ª Guerra: nem uma migalha caiu da gamela dos grandes... Não nos arrastem para a estupidez em preparação, deixem-nos cá quietinhos no nosso cantinho reduzidos à nossa tranquila insignificância; quanto ao hipócrita do jornalista falhado que é Paulo Portas, lembre-se dos combatentes da guerra colonial, dos quais popular e demagogicamente muito abusou, esses tempos acabaram, não faça pouco das pessoas. Já nos custou bastante sarar as feridas do Império. Então nós íamos neocolonizar a Líbia? Quando chegámos aos Açores e à Madeira não havia lá ninguém; olhe que na Líbia há líbios. Não se meta nisso, não estou a vê-lo a ter lições de árabe. Talvez sinta antes necessidades de pedir ao Dr. Adriano Moreira umas lições de geopolítica (para não falar de um mínimo de bom senso e tacto, que não será demais pedir a quem ocupa o Palácio).

Não será a inventar ameaças, a aumentar a intolerância, a promover as guerras e dissenções que se vão resolver os graves problemas mundiais. Ao estarem a apoiar estes actos criminosos, Passos Coelho e Paulo Portas são passíveis de ser acusados de Crimes de Guerra. E entretanto arrastam o nosso país e a nós todos, ainda com uma imagem positiva perante muitos povos, para uma escalada de loucura e animosidade que não augura nada de bom. Em vez de procurarem fazer pontes, dinamitam-nas... Isto é de loucos e em tudo contrário à tradição e vocação universalista portuguesa.

Quanto aos pilotos da Força Aérea, sugiro que se recusem a operar nesse cenário, como o piloto canadiano que deu o exemplo, recusando-se a sair em missão quando analisou os alvos que lhe estavam alocados. Seria uma desonra para o exército português uma participação, por mínima que seja, nesta guerra cínica. De cada vez que mudam os conceitos geopolíticos, há uma grande guerra. Lembre-se o Congresso de Viena: era preciso tramar Portugal e Espanha, então o Direito «Colonial» Internacional «evoluiu» e passou do «primeiro a chegar» para quem «ocupava de facto»... a coragem e determinação dos nossos exploradores ainda permitiu que atravessámos África, mas não impediu o fim brusco e infeliz do mapa cor-de-rosa, ainda antes de o nosso Corpo Expedicionário ser «sacrificado» (pelos nossos queridos «aliados») na batalha de La Lys (os rapazes é que eram rijos e aguentaram-se).

Resumindo: esta não é a nossa guerra. Então e ninguém faz nada? Se calhar devíamos ir para a Praça do Comércio manifestar contra o regime «democrático» que foi colocando no poder políticos corruptos e medíocres que nos sobre-endividaram e agora, betos sonsos e inconscientes que estão apostados em conduzir-nos alegremente para o abismo, sem o mínimo de orgulho ou considerações relativamente à identidade e soberania nacional. O cão do gramofone não faria melhor. Lamentável falta de dignidade. Vil. Repugnante.

Não à venda de soberania! Nem mais um soldado para as colónias (dos outros, ainda por cima)!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Salif entre os Ben Walid




http://www.youtube.com/watch?v=l-N13HixFFA

Na linha da frente. É ele a alma, agora. O pai passou à história.

PS O Kadafi velho fazia bem em abdicar formalmente. Facilitava as coisas. À falta de golpe fatal, a NATO sobe a parada: vão agora tentar destabilizar Marrocos e Argélia...