"Não, isso não, isso é extremismo ao contrário. O que eu disse primeiro chama-se desvio para a esquerda e o que eu disse agora é desvio para a direita. Isso não quer dizer que o meio é melhor. Há muita gente que julga que o que está no meio é que é bom, mas não é verdade: a coisa boa está em saber juntar dum lado e doutro para andar em frente. Juntar dum lado e doutro, procurar o caminho justo, numa terra, não é ficar no meio, no meio não se pode fazer nada."
Há que lutar contra essa ideia, que nos tentam impingir, de que ser radical é mau.
Não diz o português que o mal é para cortar pela raiz? Para erradicar o mal e evitar que se enraíze, há que arrancar a raiz! Ora aí está! A raiz etimológica do termo radical é raiz. É uma boa metáfora: abaixo os preconceitos. Até podem, se assim o entenderem, discriminar entre bom e mau radicalismo, mas conserve-se a polissemia e evite-se açambarcar o sentido ao conceito, enclausurando a realidade. À luz destas palavras, Cabral pode ser considerado, ou duplamente radical, ou percursor de uma síntese virtuosa na demanda por novos centros e centralidades. Não chegou a fazer-se o choro de Cabral, para encobrir a responsabilidade dos camaradas.
Meio século perdido, Cabral lanta di tchon i na pidi iu iagu.
Meio século perdido, Cabral lanta di tchon i na pidi iu iagu.
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