segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Não há fumo sem fogo

Para efeitos arqueológicos: ao princípio da tarde, propagava-se via redes sociais um suposto golpe de Estado no Congo "francês". Ainda antes de transpirar para notícias, por volta das 18h de Bissau, Thierry Moungalla, ministro de N'Guesso, publica na Plataforma X, o antigo twitter, um desmentido tranquilizante, classificando tais "notícias" como fakes. Pouco depois, tanto a CNN como a BBC reportam que as tentativas para confirmar o boato se revelaram infrutíferas. Contudo, a própria pressa em desmentir a simples fake, revela o mal estar de Sassou, que pouco tem dormido com medo de se tornar no próximo (até já partilhou a insónia com o presidente angolano). 

Mas há mais elementos a considerar: será pura coincidência ter sido anunciada, um dia antes, uma frente comum da oposição para contestar a legitimidade do Presidente, propondo uma transição de dois anos no fim da qual este seria excluído das eleições? É no mínimo curiosa, todavia, a ameaça quase explícita no discurso do porta-voz, quando defende que com essa bondosa proposta estão a estender a mão da paz ao presidente e que o melhor seria este aceitar, para evitar "soluções extremas". Num artigo que reporta tais declarações, o jornalista interrogava-se mesmo se não estariam a avisar N'Guesso quanto um eventual golpe... a nova fobia ameaça tornar-se auto-realizável.

PS Muita gente embarcou. Não há dúvida que a fruta está madura e pronta a ser colhida. A francofobia em brasa em Brazzaville! e ali mesmo à vista, em Kinshasa, no outro Congo, o mesmo se passa com a onufobia.

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