sexta-feira, 29 de julho de 2022

Mais depressa se apanha...

Não, não é o que estão a pensar. 

Este é outro provérbio, se bem que igualmente cheio de razão...


"Mais depressa se apanha um homem com as calças para baixo, que uma mulher com as saias para cima."


PS Já agora, o hilariante marido da senhora Clinton foi alvo de processo de impedimento, não pela pouca vergonha na sala oral, ah, perdão, na sala oval, mas por ter mentido. Sim, que isso da traição não passava de assunto doméstico: que se entendessem, lá em casa... os juízes deram o benefício da dúvida, perante a alegação de que, na percepção do coxo, só haveria sexo com penetração.

Superabundância atípica


Um printscreen ao calhas do directo da Rádio Bantabá permitiu detectar uma misteriosa proliferação de tshirts brancas na noite de recepção ao presidente francês. Acrescente-se que os guineenses em geral, no seu quotidiano, preferem cores garridas... 

Não deixa de ser um progresso, em termos de segurança rodoviária, no alcatrão nocturno de Bissau. Quanto ao "mistério", é fácil de desvendar: as referidas tshirts tinham custo negativo de 1500FCFA.


PS Quem tiver dúvidas sobre o conceito de "custo negativo" passe com cursor, na app da coluna à direita, referente ao Petróleo Bruto WTI, mudando em baixo de 1 m(ês) para 5 y(anos). Bons velhos tempos, esses de há pouco mais de dois anos atrás, em que ofereciam petróleo a quem o quisesse ir buscar e ainda pagavam. Uma possibilidade não prevista pela teoria económica...

Ressabiados no país de João da Fonte


Publicamos uma fábula de Esopo, à qual um francês conseguiu dar uma graça especial... tradução e metro livre.


Uma velha raposa, das mais astutas

grande apreciadora de galinhas

acabou presa numa armadilha.

Com muita sorte conseguiu escapar

mas não ilesa pois lá deixou a cauda.

Perdida a cauda pela boa causa

envergonhada, quis disso fazer moda

e um dia, no conselho das raposas

fez uma rábula contra esse peso inútil

vassoura arrastada pelos atalhos:

_Para que nos serve isso? Corte-se!

Se concordam, cada qual o faça,

parece que é a última moda em Paris.

Levantou-se uma conviva na assistência

sugerindo que se começasse por ela,

essas palavras levantaram confusão

e todas exigiram que voltasse costas.

A desrabada coitada teve de o fazer

para grande e geral gargalhada.


PS Vem isto a propósito das declarações de Macron em Bissau:

"... force est de constater que les choix faits par la junte malienne aujourd'hui et sa complicité de fait avec la milice Wagner sont particulièrement inefficaces pour lutter contre le terrorisme, ça n'est d'ailleurs plus leur objectif et c'est ce qui a présidé à notre choix de quitter le sol malien"

Vamos analisar a liberdade com que Macron utiliza o termo "escolha", por ser palavra repetida nesta construção:

1ª ocorrência 

A Junta, no Mali, fez uma má escolha (apesar de ser no seu próprio país).

2ª ocorrência

A França saiu por escolha própria (apesar de expulsa e querer permanecer).

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Piro-imunidade

 


A imunidade de que se gabava Guterres há pouco tempo dá provas de plena eficácia.

domingo, 24 de julho de 2022

Poesia guineense

a poesia era o espaço 

entre a inocência e o dia

uma espécie de alforria

redimindo à boca da sorte

o silêncio de mil noites


um vago sentimento 

de consciência acordada

pelo gemido do vento

poesia real refundida

crua e nua sensual


poesia distorção da vida

a vítima dentro de nós

procura sempre o amor

na densidade dos processos

na empatia do sofrimento


nada mais relativo

nada mais magnético

que sofrimento dínamo

senhor do silêncio vivo 

ardendo dentro do poeta


poesia sonho parasita

onde cada um pode

com os restos de si próprio

refundir a elegante ideia 

de uma identidade interior


proposta de remetrificação em 5 quinas, por questões gráficas, apenas em minúsculas e sem pontuação

com base em Adão Cruz, in Tabanca Grande > link disponível à direita

sábado, 23 de julho de 2022

Sede Vacante


Torna-se cada vez mais plausível a repetição de uma impossibilidade. Não me apetece expor o caso de Celestino V. Quem quiser que procure essa suposta excepção que "legitimaria" a "aposentação" do Papa na internet, logo constatará ser inválida. Depois de uma barbaridade, outra barbaridade. Usurpador, sim, pois nenhum outro nome pode ser dado a quem ousa adoptar o nome de Francisco, como novidade, depois de um 4x4 que, se não era Santo como João Paulo II, era bento. A Igreja nunca gostou de novidades. A multiplicação dos papas vivos é uma ofensa ao poder espiritual do detentor das chaves de São Pedro e um atentado ao dogma da sua infalibilidade. Para além disso, o pampo traiu a comunidade de vivos e mortos ao celebrar missas a solo, para ninguém, colaborando com a pseudo-peste COVID. Para todos os efeitos, deixou de ser Papa, se é que não pode passar a ser apodado de anti-papa e obreiro do Diabo. Talvez o braço de Deus o execute, antes de poder concretizar o seu infecto intento. O colégio cardinalício, apesar de banalizado, precisa de se reencontrar, deixar-se de politicamente correctos e ouvir o Espírito Santo, de outra forma será a própria continuidade de uma instituição brevemente bimilenar que estará em causa, arriscando-se a não chegar a sê-lo. Papas à dúzia, cada qual pintcha carreta do outro? 

PS Na Igreja, quando os papas se tornavam incómodos, matavam-se discretamente. Até a suposta queda de uma parede chegou a ser usada... chegaram a matar-se antes de o ser, como aconteceu a João da Azambuja. Só um Cardeal imanentemente Santo, com profundo conhecimento da Igreja e das coisas mundanas, pode servir ao eterno assento, neste momento de desarranjo global. 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Palavras sábias


Acreditei na democracia como sistema, mas a receita que nos propuseram, como democracia, chegou-nos a granel, como libertinagem mediática, como multipartidarismo integral, sem que tivéssemos esse hábito. O que criou toda a espécie de desordens. E até hoje, é isso que estamos a viver. Estamos hoje numa situação de impasse, em que todas as ideologias que o mundo conheceu, o liberalismo, o capitalismo, o socialismo, etc, etc, caducaram. A humanidade questiona-se, procuramos referências, portanto a coisa não falhou apenas no Mali, a democracia falhou por todo o lado. É o sistema mundial que está hoje num impasse.


NB A tradução do francês é da responsabilidade do autor deste blog.

PS O Mali vive hoje uma dinâmica própria. Nem os franceses nem certas facções apreciam. Até por isso, há que dar uma hipótese à nação. Para não falar que Paul Damiba está receoso pelo Burkina, também. Uma nova constituição, ex-novo, está na forja. Uma solução endógena vale por mil anos de ONU. 

Demasiado salgado

Uma ONU alienada e em decadência total, com Guterres obrigado a engolir mais um prato intragável, depois da história dos legionários franceses em Bangui. Em vez de se calar para minimizar os estragos, esperneia freneticamente, afectando escândalo. Então a organização é imune? A quê? Só se for à farsa COVID. Mas, pelos vistos, ao seu cretinismo iNATO, não. Não viu os sinais? Quando o povo maliano, em sintonia com as suas Forças Armadas, demitiu Keita, não reparou nos blindados da MINUSMA atirados para a valeta? Um dia antes dos factos invocados do dia 13, não recebeu uma chamada do Presidente maliano, chamando a atenção para a necessidade de ser respeitada a soberania nacional? Já não há qualquer dúvida de que Paris infiltrou a ONU para a prossecução dos seus inconfessos procedimentos golpistas, recorrendo às marionetes de serviço. 

O onusiano agora declarado persona non grata está sediado em Paris. Consultando-se o seu perfil no twitter, na origem da polémica, pode ver-se um disclaimer, em cabeçalho, no qual assevera que os seus pontos de vista são pessoais. Então por que não se contenta com a sua foto e usa o logo da ONU? Nada há de pessoal nas suas publicações, que não esteja relacionado com o seu trabalho. As autoridades malianas deveriam igualmente consultar o seu perfil no linkedin, que é ainda pior... Acrescenta que os seus retweets não implicam forçosamente concordância. Mas, neste contexto e mesma semana, faz igualmente retweet de Guterres, no qual este afirma grosso modo que a desinformação pode matar (para bom entendedor... é fácil perceber quem eram os destinatários, pois muito bem, estes enfiaram o barrete), para além de dar tiros nos pés, partilhando neste contexto, apesar de já ter alguns meses, o documentário de Jean Crépu da ARTE, "Guerre au Mali, coulisses d'un engrenage", o qual aliás recomendo vivamente: ao minuto 50, a engrenagem ONU é claramente denunciada...


...le robinet de l'aide sur lequel sont branchés une multitude de ONG et d'autres instituitions, continue de couler sans que rien ne change, business as usual, comme on dit. Ses programmes sont terminés mais ils ont des frais de fonctionnement énormes. Ça fait vivre beaucoup de monde. Les per diem, les vehicules 4x4, les machins... tous ces occidentaux, qui, à Bruxelles, à Paris, sur le terrain, sont les employés de ces grandes organisations, que ce soit les ONG, soit les Nations Unies, soit la Commission Européènne, ces gens là vivent de ça, ils font le commerce, donc, qui va se mettre un jour autour d'une table en se disant: "non, franchement, ce qu'on fait là ça sert à rien, va falloir qu'on change de méthodes".

 

A promiscuidade da ONU com o "mandato" que se arrogam os franceses na zona, mal disfarçado pela inclusão de outros países (que aliás não param de desertar), tornou-se demasiado patente com o assassinato que decapitou a liderança tuareg (empoderando as facções jihadistas, o qual não mereceu uma simples nota de condenação ao seu Secretário-Geral), já para não falar dos erros da aviação francesa, como bombardear um casamento (só por os seus drones terem detectado uma concentração anormal de motas), ou os 3 prisioneiros (numa captura de 4), capturados incólumes, que morreram no caminho para Bamako, entre outros casos. Agora pode imaginar-se aquilo que Blaise Compaoré foi fazer a Ougadougou recentemente... numa visita que surpreendeu toda a gente, e de onde nunca devia ter saído, senão para o cemitério, cumprindo a ordem do tribunal; o corpo que o levassem depois de volta para Abidjan... Mas quem avisou Assimi Goita? Terá sido Paul Damiba?

Quanto aos factos: se bem que os mercenários de Abidjan tenham chegado desarmados num avião, este era logo seguido de outro avião carregado de armas; para além disso, cada qual apresentou individualmente uma versão diferente da sua missão. Muito suspeito. Qual rotação, como afirmou Olivier Salgado, qual carapuça. A ONU, em vez de solução, passou a fazer parte do problema, sujeitando-se a servir de cavalo de Tróia a Paris. São por isso patéticas, as declarações produzidas. 


PS Já para Paris, a coisa não corre definitivamente de feição. Dois abortos, em tão curto espaço de tempo? É o descrédito total. Resta saber em que medida isto pode afectar a cotação do marfim... e o status quo na sub-região. Perante o desespero de Macron, Buhari já percebeu que os francófonos estão em convulsão e que não se sabe o que daqui pode sair, mais uma boa razão para entregar a presidência da CEDEAO, aliás igualmente completamente desacreditada, a terceiros.

A bela, o cornudo e o chulo...

...os três de visita a Bissau.

1) Todas as mulheres são belas, mas é preciso muito vinho para conseguir averá-lo relativamente à MNE francesa. Nisso, não há dúvida que a Guiné-Bissau bate a França por larga vantagem.

2) Ninguém está em condições de negar o nome que lhe impingem, mas é sempre possível usar, em alternativa, o nome do/a outro/a progenitor/a (se bem que quem tem um pai com um nome como cornudo, possa alimentar sérias dúvidas quanto ao seu radical ADN).

3) Quanto ao chulo, na língua francesa atribui-se como sentido figurado para maquereau

Só porque vem a propósito, fica a resposta a um comentário que censurei por outras razões, que criticava a tradução do francês para português, de Marchenoir para mercado negro, afirmando que para isso faltava o acento no É (assento a esquisitice, um simples acento, que dizer dos ingleses que nem usam disso? não fossem os franceses especialistas em nuances, palavra sem tradução para português que os define bem, tal como acontece com saudade para os portugueses): mais s'il marche noir, au présent, son pére, que lui a donné son nom, il a marché noir, au passé. 


Bom, mas passando às coisas sérias. Como Le Figaro nota, é a primeira viagem a África neste segundo mandato, o que obviamente comporta um assinalável peso político e diplomático. Comer uns camarões com o presidente vitalício, é expectável, mesmo se ofende os belos princípios republicanos. Yah, onde é? Bom, não interessa... Passar no Benin é igualmente benigno. Mas na Guiné-Bissau? Sendo inteiramente inesperado, por exógeno à francofonia (e não só, lembre-se quando Macron considerava o legítimo presidente guineense como auto-proclamado e lhe negou qualquer contacto, colocando-o sob vigilância dos serviços secretos, o que aliás deu origem a um episódio rocambolesco e hilariante), comporta obviamente uma mensagem figurada (como as assumidas ofensas aqui publicadas, que me sujeitam penalmente à lei francesa, aliás contrária à jurisprudência europeia sobre a liberdade de expressão). Para se perceber, é preciso recuar uma semana, ao discurso do aqui figurado chulo, no 14 de Julho, em que se dirigiu à elite do exército francês, sob um calor sufocante (certamente um vento africano) e com muitos copos de água à mistura, anunciando o regresso ao SMO (serviço militar obrigatório), com a disponibilização da respectiva cenoura, ou seja, dos inerentes fundos. A França enceta portanto uma escalada belicista, sob pretexto da incerteza dos tempos. Chamo a atenção para a frase do presidente francês, muito bem escolhida pelo jornalista Nicolas Barotte, para resumir o espírito da coisa, a qual transcrevo: "La France ne veut plus être en première ligne et tenue responsable de tout." Vejamos então, aquilo que se subentende do discurso ressabiado (alguma coisa está Mal 'li): não querem estar na primeira linha, mas insistem em continuar presentes militarmente em África, mesmo que indesejados, negociando o seu apoio a ditadores, como sempre. Ou seja, é preciso uma aparência de mudança, para que tudo continue na mesma. Ora, é precisamente a atitude que seria inteligente mudar. Mais, não se contenta com a sua tradicional esfera de influência e pretende invadir outras. E não há dúvidas que são os seus próprios interesses que estão em jogo, quando pelo meio da sua "nova" estratégia africana, insere avisos contra a "predação" chinesa. Olha quem fala... o nú para o roto. Mas há mais. Essa frase lapidar de Macron encerra a confissão da derrota sofrida nas dunas, depois da agilidade felina demonstrada há uma década pela operação Serval. Este blog apontava então o grosseiro erro estratégico que estavam a cometer. Então agora quer militares menos parados e menos expostos? Será que leu 7ze ou Maginot sózinho? Se calhar devia tê-lo feito mais cedo, teria poupado na vergonha que agora o atiça.

Não há bela sem senão. Se o chulo e companhia pensa que vai ter, em Bissau, uma recepção calorosa estilo Marcelo, está enganado. Terá sorte em não ser assobiado à passagem, pois aqui respeita-se a comida, não se desperdiçam tomates nem se deixam apodrecer ovos para o acolhimento que merecia.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

narCO-COntradições

Num estado em que histórica e assumidamente se comercia (evito usar "traficar" por julgar que o problema se resolve por si mesmo descriminalizando, como já defendi neste blog) cocaína a altos níveis de Estado, em que as "apreensões" são poeira atirada para os olhos dos menos atentos ou simplesmente "recicladas" (mesmo que colocadas a "salvo" nos cofres do Estado), onde nunca ninguém foi preso por esse negócio, como ficou provado no último e recente caso com cheiro a peixe (as provas, ou melhor, a mercadoria desapareceu uma vez mais, dificultando o trabalho dos juízes e facilitando o trabalho dos advogados - pois sem "arma" não há crime - dos espoliados, que mesmo assim não se livraram de umas "cócegas"), condenam-se hipocritamente polícias por fazerem segurança a palha tetrahidrocanabinol de baixo teor, má qualidade e baixíssimo valor. 

PS Uma história já velha conta que se descobriu um "desembarque" involuntário porque apareceram crianças com problemas de estômago e "hiperactividade", foi-se a ver o que tinham em comum e notou-se que o problema tinha origem no pão. É que tinham encontrado uns sacos com pó branco na praia, que se presumiu ser farinha, procedendo-se em consequência. Claro que depois apareceram uns senhores muito simpáticos que benevolamente se ofereceram para trocar esse "lote" estragado e impróprio para panificação por farinha portuguesa da melhor qualidade (seria Branca de Neve?).

sexta-feira, 15 de julho de 2022

Oficialmente extinto

O comissariado engole dinheiro por via de um pandemónio provocado por uma pseudo-pandemia foi final, se bem que tardiamente, extinto. Eis, atipicamente, uma boa medida no campo da saúde (mental, pelo menos).