terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Poesia no Centro Cultural Português

 
Os povos do passado criaram a escrita e viveram escrevendo e partilhando os sentimentos e motivos através da escrita. A literatura na sua etapa de evolução, estava ganhando impacto quer a nível cultural quer estrutural da sociedade daquele tempo. As pedras, as árvores, a terra, as obras de arte, o corpo humano, as paredes, etc. mostraram quão importante era a expressão escrita através das letras, que constituíam um meio de comunicação visual muito forte. Estava nascendo a literatura formada de representações com significados diversos. Na verdade a literatura nasceu com o mundo. Cada homem interpretava a natureza de acordo com a sua filosofia ou sua experiência cultural transmitida pelos seus antepassados. Cada um desses homens, tinha a consciência da importância que essa comunicação escrita representava do ponto de vista intelectual e social e cultural. Eram fascinantes, os traços míticos demonstrados na transmissão de ideias e nas gravuras que cada cultura ensinava ao seu povo.

A poesia nasceu desses traços interpretados quer pela compreensão da natureza em si, quer pela compreensão do sentimento do homem enquanto ser intelectual que também interpreta os sentimentos naturais da floresta, dos animais do mar e de tudo que o rodeia em palavras, escritas ou faladas. O homem em si é poesia, é o elemento essencial da existência do mundo. Portanto, o mundo seria um vazio sem a poesia e sem a literatura. Nela encontra-se o sabor da vida e o seu verdadeiro destino, nela encontra-se o amor e as (in)felicidades que se procuram. A literatura em mim, é alma da comunicação em todos os seus sentidos, em todos os seus aspectos: natural ou artístico.

Eu me conheci, só depois de ter viajado em letras e na poesia, obviamente, procurando compreender no meu íntimo a essência da minha existência. Encontrei na poesia a alegria, a tristeza, o dissabor da alma humana, as aventuras românticas e os sentimentos sinceros (e falsos) de um coração apaixonado ou aventureiro, também revoltado. Revoltado sobretudo, quando se entende que na convivência quotidiana, os homens tendem a escravizar os outros com suas falsas filosofias de vida, com a hipocrisia que norteia varias classes sociais e politicas. Eu me conheci na poesia revoltado com a depressão, o abandono, os maus-tratos e a penúria de crianças, jovens, mulheres e velhos, subjugados à sorte da vida. A poesia me fez e eu fiz-me na poesia.
É nesse parafrasear de sentimentos que nasceu o ‘’Minino di Tchon di Cabral’’ e espero que virão outras obras entre romance, poesia, contos e obras científicas. Acredito na guineendade, naqueles que também acreditam numa sociedade mais culta e mais coesa, diferente da que temos hoje. Acredito que com os livros, a música, a dança, o teatro etc.os políticos, os líderes sociais e religiosos poderão converter-se em pacificadores e verdadeiros edificadores do bem-estar social, cultural, económico e político da nossa amada Guiné-Bissau.

Agradeço a todos e todas que quiserem estar presentes, em especial a minha família; que haja poesia, cultura, justiça e paz social.

Valdir da Silva (o autor)

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