Apesar de todos os avisos contra a sucessão de pequenos golpes que vão desvirtuando a Constituição, Domingos Simões Pereira ousa avançar para o confronto directo, afrontando não só a ala rebelde do PAIGC, como o maior Partido da oposição. A deliberação da Comissão Permanente da ANP é ilegítima e ilegal, como várias pessoas já deixaram perfeitamente claro, incluindo Fernando Casimiro. As purgas fazem-se intramuros, a ANP não é uma repartição do PAIGC. DSP queixa-se que não o deixaram governar (ele, que não foi nominalmente eleito) e conspira maquiavelicamente (passe o pleonasmo) para fazer o mesmo aos outros/as (esses sim, nominalmente eleitos/as). Uma fuga para a frente que inevitavelmente lhe custará os últimos resquícios de credibilidade (ler opinião, no Rispito).
Uma deliberação não «declara», delibera. É uma opinião, não uma ordem, com força de decreto. A argumentação é ridícula, pois «perder uma condição [nem que fossem todas] de elegibilidade» não pode afectar alguém que já está em funções, pois elegibilidade é a capacidade para ser eleito, e isso, eles e elas, já o foram. Além disso, segundo o PRS, a CP não apenas foi ilegalmente convocada (isto depois de se impor à Assembleia um adiamento ilegal, depois de se ter tentado confundir as pessoas com cabalas) como não dispõe sequer dessa competência. Estamos portanto, para todos os efeitos, tecnicamente perante um Golpe de Estado, contra uma maioria que estava na forja, por um Partido usurpador, chefiado por um sub-produto do mesmo.
Este (des)governo (do PAIGC) atingiu nível semelhante de farsa aos seis meses que Cadogo aguentou o seu «Governo no exílio». Engraçado, como dizia alguém, é que quem agora apoia estes Golpes a «céu aberto» são as mesmas «donzelas ofendidas» do 12 de Abril (um pronunciamento patriótico, para quem não se lembre), com a única diferença de agora já não terem os militares para bodes expiatórios... como irão enganar o povo, desta vez? DSP, para além de ter falhado, revelou falta de maturidade, segundo Manel Saturnino (que pediu desculpa por ter contribuído para a sua ascensão). Pior: entrou em crise de negação: está agora claramente apostado no confronto, tomando o país como refém do seu desmesurado narcisismo.
Já não se trata de nomes: é um padrão, uma doença do Partido, cuja primeira manifestação foi o assassinato de Amílcar Cabral. Tentar impor a forma ao conteúdo pode ser perigoso, sobretudo quando este não colabora.
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