A CPLP continua a ser uma instituição vazia e sem alma. Cada um voltado para o seu umbigo. No encontro de PGRs, realizado em Cabo Verde, a portuguesa recusou-se a comentar casos em Portugal (quanto mais noutros países, credo!). Ou seja, o angolano está envolvido numa desavergonhada sujeição ao poder «zecutivo» (apesar do seu arrogante e mal educado desmentido culminando num antológico «aquilo que dizem as outras pessoas não tem grande importância para nós», ver DW), em flagrante violação dos mais básicos acordos e convenções internacionais assinados pela RPA, bem como dos trâmites processuais de acusação, reduzindo-se a validar prisões políticas reconhecidamente a mando do presidente... e toda a gente assobia para o lado, como se de nada fosse? São uma comunidade de quê? O tema era a independência face ao poder político...
Mas, se o urgente e humanitário caso angolano não mereceu nota tuga, já o mesmo se não passou em relação à Guiné-Bissau, relativamente à qual, numa reacção paternalista muito típica das actuais autoridades portuguesas (e nun contexto de clara ingerência), já sobressai a única nota crítica específica emanada pela judiciosa e douta PGR tuga, lembrando, como não poderia deixar de ser, a «fragilidade» do Estado - ver notícia da Lus@ - e a necessidade de reforço do papel do PGR. Cereja em cimo do bolo são as conclusões do encontro, nas quais os PGRs reivindicam o curioso tratamento de «autoridades centrais».
PGRs guineense e angolano de pés dados? instrumentalizados pelos respectivos Presidentes? (e mobilizados contra as inventonas, um prendendo jovens outro insistindo na fama de caça-Ministros)? A CPLP tresanda cada vez mais a ópera bufa.
Entretanto, o Presidente do Sindicato do MP, na ausência do Procurador, numa reacção tão espontânea quanto extemporânea, cai no ridículo, virando-se o feitiço contra o feiticeiro: a sua última insinuação, claramente intencional e direccionada, apenas vem dar razão às queixas que DSP tem feito de ser alvo de perseguição. Quanto à chantagem, sobre a pessoa de um Primeiro-Ministro, é algo mais grave do que simples declarações infelizes e irresponsáveis: achincalha a Justiça e dá a entender que há muita roupa suja para lavar por «fora». Se o MP tem alguma coisa contra o Primeiro-Ministro em relação à sua actuação neste Governo, era por aí que deviam começar e não por histórias mais antigas, pouco pedagógicas mas demasiado vulgares.
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