José Eduardo dos Santos, desesperado para arranjar dinheiro fresco, tirou o dia para tratar do assunto. Como já deve ter percebido que os chineses não estão para ser chantageados (como costuma fazer com os corruptos vendilhões da soberania portuguesa), lançou também um apelo a Putin, tentando apostar nas rivalidades entre as duas potências emergentes... No entanto, não deverá ter mais sorte do que com os chineses, pois Putin também se encontra com graves dificuldades financeiras, pelas mesmas razões. Uma simples miragem, tal como a banana, que se pode ver na foto em cima da mesa, aos seus pés, que não passa do reflexo da catana.
Entretanto, o discurso atabalhoado do Governador do Banco de Angola, prometendo aumentar o número de leilões, embora não a quantidade de dólares (supostamente) vendida, com vagas e inconsistentes promessas de desafogo monetário a curto prazo, baseadas em premissas falaciosas, vem apenas reforçar a ideia de que se trata de uma despudorada manobra de contra-informação, para ocultar a banca rota iminente. A LUSA, como nos vem habituando neste caso em particular, cumpre um vergonhoso papel de voz do dono, não se percebendo como pode uma agência noticiosa estatal lidar com esta clara corrupção da mais óbvia verdade.
Efectivamente, com dois artigos perfeitamente redundantes, publicados em dois dias úteis consecutivos (passada sexta e esta segunda), temos gato escondido com o rabo de fora: para bom entendedor, basta reconhecer o tipo de jornalismo que enviesa sempre no mesmo sentido. No seu afã justificativo, o idiota que produziu a primeira notícia, nem sequer foi capaz de se reler e pelo meio de frases totalmente sem sentido, produz pérolas como «devido à projeção inicial macroeconómica devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado inicial». O artigo resume-se a pura propaganda, repetindo a tanga do regime sem o mínimo espírito crítico.
A segunda notícia é do mesmo nível ou pior ainda, pois embora introduza alguns rearranjos, conserva as piores redundâncias do anterior (do devido «ao quadrado», até ao descomprimir, com e sem aspas, em sítios diferentes). As alterações são de «extrema» relevância: onde estava «apontou o governador, em declarações aos jornalistas» pode neste encontrar-se «apontou José Pedro de Morais Júnior.» Onde era referido «para breve o anúncio de novas medidas» passa a ser referida a passagem de dois para três leilões semanais, embora essa já constasse igualmente do texto inicial. Mesmo muito mau, isto de copiar e colar o lixo já produzido...
A «flexibilização», ou «descompressão» do mercado cambial, é agora possível, segundo a LUSA, porque no OGE foi considerada uma cotação do petróleo de $40 e esta se encontra «estabilizada» nos $60. Ahahah. «Estabilizada»? Só se for no fim-de-semana, que separa os dois artigos, quando os mercados estão fechados! (ver gráfico na barra lateral à direita) [se assim fosse para que precisa tão desesperadamente do empréstimo dos chineses? não esquecer que, mesmo com o petróleo a $60, ainda está abaixo do custo de produção] Para além de desinformar, ainda pretende fazer futurologia? Para jornalista, não serve, talvez dê um bom bruxo ou adivinho.
Por outro lado, ao mesmo jornalista, parecem ter escapado as conclusões da 44ª reunião ordinária do Comité de Política Monetária, que surge na página do Banco de Angola logo por baixo do relatório semanal, e que comporta uma informação importante: apesar de a situação da Senhora Dona Maria Odete Patrocínio ter sido pontualmente resolvida, a banca continua a chular todas as outras pessoas em situação similar: ao longo do mês de Abril a banca forçou a conversão de 113 milhões de dólares em divisas, ao câmbio oficial, prejudicando largas dezenas de milhar de angolanos que recebem pequenas quantias para sua sobrevivência...
A favor de quem? dos poucos que usam o cartão no exterior, comprando as divisas à cotação oficial (a metade do valor real). Portanto, enquanto os pobres têm de comprar o Kwanza ao dobro do seu valor, os ricos compram o Dólar a metade do seu valor! Antes, o regime era comunista, havia a justificação «moral» para a repartição da fome... Em Inglaterra, ao tempo da visita do Rei Ricardo Coração de Leão, a Saladino, na Palestina, surgiu um revoltado contra o usurpador da terra, que ficou conhecido por roubar aos ricos para dar aos pobres. Já o Robin do Futungo, rouba aos pobres para dar aos ricos! No entanto, se não consegue rapidamente dinheiro...
Até os dóceis deputados já reclamam de salários em atraso.
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