O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Burundi acaba de emitir um comunicado, no qual «deplora» a recusa da oposição em relação ao mediador proposto por Nkurunziza, descaradamente parcial a favor do Presidente e da sua inconstitucional ambição. O documento fecha com a hipocrisia total, ao afirmar «o empenho do governo do Burundi na condução do processo eleitoral da forma o mais óptima possível e nos limites da constituição em vigor». Mais óptima? Limites da constituição, depois de grosseiramente violada?
Que a Conferência dos Grandes Lagos esteja interessada em apoiar Nkurunziza, não admira, dado os Presidentes em situações homólogas, a começar pelo vizinho Rwanda, cujo hipócrita Presidente Kagame, igualmente obrigado pelo acordo de Arusha, pretende também atropelar a constituição e o seu povo para se eternizar no poder. Não esquecer outro vizinho, arqui-inimigo deste último (embora em concordância neste caso), igualmente começado por Ka - bila... E o maior apoiante deste último, José Eduardo dos Santos, que na reunião que convocou em Luanda da mesma conferência, agitou o espantalho da «desestabilização externa» para sugerir a constituição de uma secreta comum, dirigida pelo seu homem de mão, Miala.
Diz este artigo que não ficou claro quem sugeriu este nome como o «mais» indicado, ficando-se na dúvida se o próprio José Eduardo dos Santos, se a representante do Burundi... A mim palpita-me que foi o próprio. José Eduardo dos Santos está senil, com os pés para a cova, já não manda nada e exposto a um golpe dos seus próprios (envenenamento? - ninguém estranharia, diriam que foi uma dose mal calculada de fisioterapia): assiste-se já a uma luta pelo poder dos mais «espertos»... Este regime abominável sem o seu mentor só se pode tornar pior ainda, em todos os seus vícios, logo obrigatoriamente mais repressivo.
Da União Africana, que há muito perdeu a sua identidade, já tudo se pode esperar. Agora que o Conselho de Segurança das Nações Unidas vá na conversa, já custa muito mais a aceitar. Passando o irrelevante voto de Angola (que não tem condições para ser «potência regional», como pretende, segundo recente avaliação oficial dos Estados Unidos), como é possível trair um povo que, em peso, manifestou legítima e unanimemente a sua repulsa por um acto ilegal? Deixando-o às mãos sanguinárias de um detestável tirano?
Depois de silenciar todas as rádios não controladas, hoje, a televisão francesa foi obrigada a retirar do terreno, por lhe ter sido retirada a acreditação, sob pretexto que estariam a fomentar as manifestações. Depois, virão as lágrimas de crocodilo... chorando sobre o leite derramado. A única solução será abandonar o povo do Burundi à sua sorte?
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