A ONU acaba de exigir em comunicado a abertura de um inquérito independente para apurar a dimensão do massacre ocorrido na Caála, em Angola, chamando a atenção para os relatos alarmantes dando conta de centenas senão mesmo mais de um milhar de mortos, como estimou o principal partido da oposição, a UNITA. Numa subtil alusão à responsabilidade de José Eduardo dos Santos na carnificina (já denunciada por Justino Pinto de Andrade), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou ainda que o tratamento dado à questão, nos media estatais, terá contribuído para criar um ambiente persecutório, que continua até hoje.
Apesar de a LUSA não ter ignorado a notícia, a imprensa portuguesa continua cobardemente surda, cega e muda perante o caso. Só o Correio da Manhã lhe dedicou um envergonhado minuto. Aparentemente, a entrada de capital angolano na estrutura accionista indígena comprou todas as consciências.
Se a UNITA viu o acesso à zona do massacre barrado (pois precisavam de tempo para ocultar as provas), já a CASA-CE produziu um relatório descrevendo circunstancialmente o ocorrido, concluindo pela premeditação, baseando-se nas movimentações militares prévias, acusando a Presidência de pretender criar um bode expiatório - que servisse para desviar a atenção das pessoas dos graves problemas económicos internos que o país atravessa, servindo ainda como intimidação para qualquer acção de contestação da oposição, como evidencia a tentativa de colagem de Kalupeteca à UNITA.
Relatório que o Presidente se recusou a receber. O ditador entrou em total negação, a todos os níveis. Num diabólico autismo, deita alegremente achas para a fogueira, caindo no ridículo de criar prémios com o seu próprio nome, comprando aviões de luxo, ou insistindo no seu discurso belicista de potência regional (em segunda mão). À beira do precipício, José Eduardo dos Santos enceta uma fuga para a frente. O resultado será inevitavelmente desastroso.
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