O «efeito Blaise», como já lhe chamam, parece estar na origem desta súbita empatia na revolta contra a eternização das ditaduras, sentindo-se que uma onda de esperança, sob o lema da boa governança, se prepara para varrer o continente.
Acerca desse efeito, escreve-se no blog Rues d'Afrique que «A oposição, mas sobretudo a sociedade civil apercebem-se que os ventos da história mudaram : às sucessivas primaveras árabes, veio juntar-se a exemplaridade do abandono do poder por parte de Blaise Compaoré, varrido pela rua em Outubro de 2014, após trinta anos de usurpação do poder; as maquilhagens constitucionais deixaram de ser uma opção em África.»
No Burundi, crescem as manifestações contra o terceiro mandato do Presidente, havendo notícia de um polícia morto, enquanto a AFP fala de recusa do diálogo. Enquanto alguns comentadores, como por exemplo na Aljazeera, agitavam o fantasma da violência étnica ontem no seu noticiário, a resposta a essas insinuações é óbvia: «Aqui no Burundi soamos o alarme! Não se trata já de qualquer fractura étnica entre Hutus e Tutsis, mas apenas de um problema puramente político, com um poder que acusa a oposição de fazer recuar o país para a guerra, enquanto o próprio rega o fogo com gasolina.»
No mínimo curiosa, é a atitude dos Estados Unidos, que fizeram um óbvio apelo ao Presidente para que abandone o poder a bem, enquanto é tempo. Não resisto a deixar no original da Reuters: «U.S. tells Burundi's president : your country risks boiling over». Igualmente curiosa e, sobretudo, reveladora dos novos medos das ditaduras, a contra medida adoptada pelas autoridades, que consistiu em cortar o acesso móvel à internet.
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