O Brasil saiu à rua em peso. Espontaneamente, voltaram as cores da selecção, manifestando de viva voz o descontentamento popular relativamente ao mega-escândalo de corrupção na Petrobras, conhecido como Petrolão (envolvendo a Presidente Dilma, administradora da companhia por altura dos factos, e conhecidas conexões às makas da Sonangol).
Já em Cabinda, a simples ideia de uma manifestação pacífica se revelou simplesmente aterrorizadora para o regime, chegando ao ponto de se afirmar que «manifestar é como tentar fazer justiça pelas próprias mãos»! Ao que os cabindas responderam que, se tinham decidido manifestar, foi precisamente por a justiça se ter revelado improcedente no passado.
Efectivamente, fugiu a boca para a verdade, à senhora Governadora: talvez seja altura de o povo exercer a sua soberania, perante a ausência de alternativas. Pois se até o mais elementar Direito é arbitrariamente negado, sem sequer um simulacro de fundamentação! Imagine-se o cenário da Presidente Dilma proibindo a manifestação, mandando polícia e tropa...
Que o regime de José Eduardo dos Santos tente manter eternamente essa disciplina de fogo cerrado, contando com a mansidão e incipiência política do povo angolano (talvez ainda assombrado pelo fantasma da guerra civil, explorado pelo regime), parece difícil, face à conjuntura actual. A repressão, tal como a negação cambial, apenas serve para fazer crescer a bolha.
Já no caso de Cabinda é mais grave. Pretender calar todo um povo manifesta um desprezo absoluto pela sua identidade e Direito à simples existência, enquanto tal, desvendando um implícito discurso do utilitarismo do genocídio, ameaçando com uma «limpeza étnica». Ao longo da história, muitas foram as formas bárbaras de o conseguir, como, por exemplo, capando os homens.
José Eduardo dos Santos sonha com um país perfeito (por si presidido, claro), no qual seja o único que disponha do dom da palavra e todos os outros homens sejam mudos. O paraíso! Os habitantes dessa nação ideal parecem ter um caroço NA GOLA. O país do COME, CALA (E ENGOLE).
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