Segundo relatório semanal das autoridades monetárias, o insaciável apetite por dólares da economia angolana voltou a crescer, atingindo os 600 milhões de dólares semanais, quase o dobro da média normal assumida pelos dirigentes. Está a sair cada vez mais caro contrariar a elementar propensão para a depreciação.
Esta semana, pela primeira vez e ao contrário das duas anteriores, a emissão de Obrigações do Tesouro não foi totalmente absorvida, quedando-se pelo quinto (20%). O encaixe interno baixou assim para menos de um quarto da semana anterior. Aparentemente, o Banco de Angola tornou-se menos exigente na compulsividade da obrigação (passe o pleonasmo), ou então encontrou fórmulas alternativas e mais opacas de se ressarcir do «gap» de câmbio formal/informal.
O referido relatório, embora já tenha sido purgado dos vícios mais exorbitantes apresentados a semana passada, continua a enfermar de erros formais. Está correcta a expressão «1,024 mil milhões», embora pudesse ser apresentada com vantagem (e economia de 4 caracteres: a vírgula e o «mil») como «1024 milhões». Já os «882,7 mil milhões» estão manifestamente errados, ou seja, teria de ser apresentado como «0,8827 mil milhões» ou «882,7 milhões». O erro de copy/ paste nos Bilhetes do Tesouro com maturidade semestral, continua igualmente a exibir erroneamente o «mil», como se pode constatar no total.
Um Banco Central sob pressão, cujos relatórios se apresentam eivados do mais perfeito amadorismo, é um facto lamentável e envolve concerteza elevados custos para o país. Subsidiar a banca com reservas, bloqueando o câmbio, é um género de inconsistência de status muito estimado pelos especuladores, como fértil terreno para as suas manobras de antecipação. A gastar divisas ao dobro da velocidade, as reservas duram para metade do tempo.
Com a máquina infernal em aceleração, a mais pequena derrapagem na oferta de dólares pode rapidamente transformar-se num completo desastre.
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