Talvez Sua Excelência o Presidente da República José Mário Vaz, em abono da transparência que tem defendido, pudesse explicar aos guineenses o seu entendimento da declaração adoptada na cimeira de Cotonou, que se propõe «preservar o nível de endividamento assegurando a qualidade e a sustentabilidade da dívida pública no seio da UEMOA».
[esse critério «de consolidação» parece suficientemente vago, mas decerto servirá para prejudicar a Guiné-Bissau, cuja percepção de «sustentabilidade» é tendencialmente nula).
A Guiné-Bissau é pequena demais para influenciar as políticas da união monetária regional. No entanto, no contexto da desvalorização do Euro face ao Dólar, e do carácter financeiro pós-colonial e desactualizado do «pacto» que deu origem à indexação a essa moeda (herdada do franco) da massa monetária da UEMOA, é questionável se fará algum sentido preservar essa ligação via Banco de França, sobretudo agora que parece que este foi tomado de assalto por germanófilos... (os quais, como se sabe, são completamente avessos à criação de moeda).
Será o silêncio da Presidência justificado por não ter conseguido obter os financiamentos que desejava, nas reuniões em que Sua Excelência foi recebida? Não haverá sobreposição de competências, em relação à politica do Primeiro-Ministro, quando fala em «projectos de desenvolvimento»? Ou cada um desenvolve os seus? Não haverão sinergias, ou (para utilizar um vocabulário mais adequado aos destinatários) economias de escala, a aproveitar, entre esses projectos?
Se, por acaso, se viesse a revelar interessante em termos negociais, para o País, equacionar a presença na União Monetária (não na económica, claro!), como poderiam ser tomadas as medidas necessárias, se os governantes andam ostensivamente de candeias às avessas e não se entendem? Quem cuida dos interesses da Guiné-Bissau?
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