O meu filho pediu-me para vir passar o fim-de-semana a Peniche, para ver o mar. Cá estávamos. Ele foi almoçar com uns amigos e eu pensei em aproveitar o tempo de relaxe para um pequeno momento espiritual (que incluía rezar pela vida dos angolanos de mente livre, que estão na vanguarda do seu povo e hoje se manifestam nas ruas de Luanda...), um plano que se apresentava de fácil execução, uma vez que hoje é Domingo.
Depois de deparar com várias igrejas fechadas, um senhor simpático que passeava um cãozinho, lá me disse que estava cá o Arcebispo de Lisboa, para assinalar a restituição ao culto da Igreja de São Pedro, a principal cá da terra. Suspirei de alívio e lá me dirigi para o centro, contente com a ideia de que, passada a hora da missa, evitaria «grandes confusões» (poderia esclarecer que sou católico praticante, embora não às horas convenientemente estipuladas). Qual o meu espanto (subi toda a escadaria e ainda tentei empurrar a porta) quando deparei com a igreja fechada e mais gente igualmente espantada. Eram então cerca de 13h20.
Então o Senhor Arcebispo ata as chaves de São Pedro à cintura e vai encher o bandulho? Não se critica que satisfaça as suas necessidades terrenas, mas que usurpe a Casa do Senhor... podiam ir todos almoçar e deixar a Igreja aberta, nada se passaria nem ninguém daria sequer por isso. Ou já não é essa a morada do Senhor, mas a vossa?
Algo vai mal na Igreja católica. Já agora, a propósito, aproveito para dar destaque às recentes acusações da forma vergonhosa como se comportam os seus sacerdotes em Angola, dando cobertura a todo o género de desmandos do Regime. Onde está a doutrina social da Igreja? Ao longo de dois mil anos, já tiveram mais que tempo para aprender que quanto mais tempo se recalca, maior é a explosão. O próprio exemplo do seu Profeta deveria ser uma imagem mais que suficientemente inspiradora.
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