Dizem de José Mujica - Pepe para os amigos - que é o homem mais honrado do mundo. Trata-se de um senhor com 78 anos, de aspecto bonacheirão, amante de boa comida e da natureza, que veste de forma informal e popular. Até aqui, tudo bem, se não se tratasse de um Presidente, neste caso, do Uruguay.
Mujica - ex-guerrilheiro e fundador do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros - ascendeu ao cargo a 1 de Março de 2010. Até aí, dividia o seu tempo entre a política e o cultivo de flores, numa humilde quinta na periferia de Montevideo, onde prometeu manter-se se ganhasse as eleições. Ofereceu depois o Palácio Presidencial para os sem abrigo poderem passar o Inverno. Outras das medidas polémicas que implementou, foi a legalização da marijuana.
Preso durante 13 anos, nunca acreditou na possibilidade de se vir a converter em Presidente. Pouco antes das eleições das quais sairia como vencedor, declarava a um jornalista «Eu vir a ser Presidente é tão improvável como um camelo passar pelo buraco de uma agulha». Desde aí que a sua humildade tem logrado conseguir a simpatia e a adesão do seu povo.
A imprensa uruguaia classificou-o como o presidente mais pobre do mundo: o seu património ascende a três terrenos, três tractores e um carro, um Volkswagen carocha, de 1987, isto segundo os dados apresentados pela Junta de Transparência e Ética do Uruguay.
A imprensa uruguaia classificou-o como o presidente mais pobre do mundo: o seu património ascende a três terrenos, três tractores e um carro, um Volkswagen carocha, de 1987, isto segundo os dados apresentados pela Junta de Transparência e Ética do Uruguay.
O seu salário como Chefe de Estado é de cerca de 10 000 euros por mês; não obstante, doa cerca de 90% do seu ordenado a projectos de ajuda. «Mil euros chegam-me, e têm mesmo de me chegar, porque há uruguaios que vivem com muito menos» sentenciou o Presidente a esse propósito.
Para veículo oficial dispõe de um simples Corsa, depois de a sua imagem de marca ter sido a Vespa que utilizava para chegar ao Parlamento, quando foi eleito deputado, após a Ditadura. Sem contas bancárias, sem dívidas, afirma dormir tranquilo, enquanto espera pelo fim do seu mandato para descansar na sua pequena quinta de Rincón del Cerro.
«Eu não sou pobre. Pobres são os que acreditam que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é verdade, as mínimas para poder ser realmente rico, à minha maneira, que consiste em ter tempo para dedicar às coisas que me motivam. Se tivesse muitas coisas, teria que tratar delas todas e não poderia fazer aquilo que realmente gosto. Essa é a verdadeira liberdade, a austeridade, o consumir pouco. Se tiver muitas coisas acabo por viver preocupado com medo que me as levem. A casa pequena, para não precisar de empregada. Não, a mim bastam-me três divisões: passo a esfregona pelo chão a meias com a velhota e, num instante, já está! Assim ficamos com tempo para aquilo que realmente nos entusiasma.
Não somos pobres»
Faz-me lembrar o inventário dos bens de Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso, à data do seu assassinato: uma mota, duas guitarras, uma frigideira e um frigorífico avariado.
Faz-me lembrar o inventário dos bens de Thomas Sankara, Presidente do Burkina Faso, à data do seu assassinato: uma mota, duas guitarras, uma frigideira e um frigorífico avariado.
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