José Maria Neves, que se tornou notado ao anunciar a morte de Nelson Mandela com uma antecedência de muitos meses, voltou a dar provas da sua incontinência verbal, ao referir-se à Guiné-Bissau no decurso de uma aula magna com estudantes. O Primeiro-Ministro de Cabo Verde ridicularizou o mau exemplo de Nuno Nabiam, que teria feito «exigências» exorbitantes em «troca» do reconhecimento dos resultados eleitorais.
Face ao súbito interesse demonstrado pelos jornalistas e apercebendo-se que tinha cometido uma gaffe, ainda tentou recuar afirmando que não lhe competia fazer comentários sobre o assunto, mas o mal estava feito: levantar publicamente pela primeira vez uma questão delicada, ainda fora do conhecimento dos próprios guineenses, eram declarações obviamente bombásticas, perfeitamente dispensáveis e desadequadas.
Entretanto, o visado já desmentiu formalmente os factos à RDP, acusando JMN de leviandade. Domingos Simões Pereira já veio também lavar publicamente as suas mãos, assumindo «a existência de algumas pressões na escolha dos membros do governo a ser formado», mas reafirmando a sua autonomia e que a si cabe a última palavra. O Primeiro-Ministro cabo verdeano deve, no mínimo, um pedido formal de desculpas.
A leitura do documento emanado da Directoria de Campanha de apoio ao candidato Nuno Nabiam, em momento algum permite essa leitura: tratam-se claramente de sugestões e não de exigências, aplicam-se também a outros partidos políticos e não apenas a Nuno Nabiam e aos apoiantes da sua candidatura, formulando reivindicações comuns e transversais a esta campanha, como a transparência e um Pacto de Regime.
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