Nem vale a pena falar de todas as irregularidades denunciadas pelo Ministério Público...
Vamos concentrar-nos apenas num facto, dos documentos publicados há pouco, facto que parece ter passado despercebido aos auditores, que se debruçaram apenas sobre os fluxos bancários.
No dia 5 de Maio de 2011, pelas 13h34, Duarte Adolfo, da Direcção de Operações do Banco da África Ocidental, emite ordem de transferência de dois milhões de dólares ao câmbio de 437 FCFA por dólar.
Como o mostra o gráfico apresentado, em relação ao câmbio FCFA/$, na semana anterior, o dólar estivera fraco, negociando a pouco mais de 440 CFA, mas encetara a sua recuperação na quarta-feira 4 de Maio e no dia 5 de Maio, pelas 00h00, já estava a 451,1F, continuando a subir, atingindo os 458F durante o dia.
Parece haver aqui, nalgum ponto, seja no próprio Banco, seja nos intermediários ou mandantes, uma patente má fé ou gestão danosa. Com a internet, qualquer um pode consultar em directo a evolução das cotações, já ninguém está dependente da tabela de nenhum banco.
Quem ordena uma transferência de dois milhões de dólares e tem a capacidade de enviar um email, basta carregar em seis teclas: xe.com e tem imediatamente acesso à cotação, na hora. Neste caso, foram apenas «uns trocos», quarenta milhões de francos que voaram em fumo.
Prejudicar o Estado é uma forma bastante estranha de negociar. Vamos admitir que o mandante, pelo lado do Estado, tinha ficado assustado com a fraqueza do dólar, que atingira um mínimo no dia 28 de Abril e pretendia colocar o fundo angolano, expresso nessa moeda, ao abrigo de um «colapso» maior... há instrumentos bancários para isso.
Se qualquer mortal pode fazê-lo através da internet, com apenas $10, a um spread de 2/10000, tornam-se incompreensíveis (para não dizer suspeitas) estas irregularidades «desfasadas».
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