«Me despeço breve, aguardando melhor altura»
Assim termina Cadogo uma carta endereçada aos militantes do PAIGC, datada de hoje, na qual reconhece a sua derrota e se declara fiel à disciplina partidária, não avançando com as suas intenções de candidatura às Presidenciais.
No entanto, não é claro se tenciona baixar ao anonimato e aos seus negócios... De qualquer forma, note-se que, pela mesma carta, «abdica» implicitamente da pretensão que manteve durante dois anos, de ser o «virtual» presidente e o «legítimo» primeiro-ministro. Passou à história.
O novo líder do PAIGC precisa de uma fuga para a frente, de se afirmar perante todos os paus tortos que infestam o Partido, de outra forma estará a dar à luz mais do mesmo. Num paradoxo apenas aparente, para poder afirmar o Partido, tem de se livrar do Partido. De outra forma, como Primeiro-Ministro, ficará sujeito à rede de alianças interna, personificada numa figura que estará acima de si, na Presidência, com todas as turbulências que se podem adivinhar a esse cenário, já mais que gasto.
Para elucidar o conceito de «pau torto», coloco um pequeno excerto da Auto-Biografia do Pepito.
«Quando em 1991, o ministro da agricultura de serviço resolveu impunemente aboletar-se com património do Estado e transferir o meio de transporte da coordenadora da pesquisa agrária do DEPA para o seu filho menor poder deslocar-se à escola, isto perante a completa passividade do governo, decidi abandonar a administração pública. Revoltado, expliquei a todos os agricultores e comunidades rurais com quem trabalhava, os contornos da arbitrariedade e a irreversibilidade da minha atitude. É então em Quebo que um velho Homem Grande e amigo me escuta com toda a atenção e perante a minha exaltação diz: “Nota que criaste demasiadas expectativas em relação a quem era e sempre foi medíocre. Julgaste ver o que não existia. Não te esqueças que a sombra de um pau torto nunca pode ser uma linha direita.”»
Enigma: dos candidatos a candidatos, a quem se referia Pepito? Não é fácil, com tantos Mários!
Como diz o Doka, «tanto é ladrão aquele que vai à horta, como aquele que fica à porta». É necessário quebrar com os ciclos viciosos do clientelismo partidário. Ocorre-me um paralelo com as palavras do Profeta, que distingue entre a pequena Guerra Santa (a luta contra o inimigo exterior) e a grande Guerra Santa, que deve ser conduzida internamente.
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