Os factos, recentes e menos recentes, mostram, sem margens para dúvidas, que nenhum candidato ou partido, conseguirá reunir de início, força ou adesão suficiente, que possam legitimar a sua ascensão ao poder. Onde está a reflexão política, a ideologia, onde estão os projectos para o país? O acto eleitoral vai desdobrar-se em vãs querelas e intrigas tendo exclusivamente por base a mais pura demagogia...
E não há que tentar fazer das Forças Armadas o bode expiatório para todos os males. O mal, como o porta-voz do Comando Militar já teve oportunidade para evidenciar, é bem mais profundo, tem a ver com todo o mal estar que a mediocridade da mentalidade política gerou ao longo dos anos. A Guiné-Bissau encontra-se numa encruzilhada e esse caminho está mais que gasto, valerá a pena voltar a optar pelo beco?
Em vez de perder ingloriamente tempo, dispersando todas essas forças anímicas, em inúmeros conflitos e frentes sem qualquer nexo com a realidade, exacerbando tensões até ao limite do tolerável, arriscando inutilmente tensões artificiais, num contexto económico e social já de si muito complicado, seria porventura mais útil e refrescante alguma iniciativa séria e sustentável de convergência nacional.
Poderosas forças de dispersão, potencialmente explosivas, estão à espreita. É a nacionalidade que está em causa: a capacidade para encontrar um modelo de governança adequado, que garanta estabilidade e previsibilidade. Para isso será necessário algum género de «entrega» (aqui sinónimo de legitimidade), capacidade para acreditar em propostas substanciais, mesmo que aparentem a sua quota parte de utopia.
Neste contexto, julgo importante considerar factores mentais importantes a trabalhar, em prol de uma nova e mais dinâmica conjuntura:
1) Necessidade de neutralizar o «potencial» de ambição de poder «político» e substituí-lo pelo conceito republicano de «serviço» público
2) Respeito em torno de uma hierarquia tecnocrata e pessoalmente responsável por um projecto nacional bem definido e transparente
3) Empenho das Forças Armadas, como pilar da soberania e independência, numa aposta consistente de progresso nacional
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