domingo, 6 de outubro de 2013

Exemplo de tolerância

Viajando com o chefe da sua própria oposição, Xanana enunciou, com emoção e lágrimas nos olhos, um apelo à estabilidade no país, perante o Presidente de Transição e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, instando os guineenses a seguir o exemplo timorense e «que nunca mais corra sangue».

Viva a estabilidade!

Adjarama, Comandante Xanana!

Obrigado, irmãos intelectuais balantas na diáspora.

10 comentários:

  1. "Celebrastes os 40 anos de independência e pensámos por nós: não, não é ocasião de mandar felicitações. Não merecem. Como irmãos decidimos isso: não mereceis. Quarenta anos foram perdidos", referiu Xanana Gusmão, numa alusão aos golpes, conflitos militares internos e instabilidade politica no país."Chega", referiu em tom mais forte, num apelo feito de lágrimas nos olhos.
    O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, aludiu às quatro legislaturas falhadas do país e fez um apelo aos políticos e autoridades: "a cultura da intriga tem que acabar. Quando houver problemas deve haver uma mesa para conversar".
    Meu caro 7ze,
    Acertadamente, e como é minha opinião também, o PM Xanana Gusmão fez um apelo pungente á estabilidade e ao fim do derramamento de sangue, mas penso que para bem da verdade e isenção, teria sido correto colocar aquele primeiro parágrafo, ou você vai continuar a defender até ao fim e unilateralmente quem está no poder em Bissau?
    Quanto á frase de Serifo Nhamadjo, é espantoso como a memória é tão curta mesmo para gente com a capacidade do Sr Presidente da Republica de Transição, se não vejamos:
    O STJ considerou todas as candidaturas válidas, TODA a Comunidade Internacional, e grupos de Observadores consideraram as eleições, livres, justas e transparentes, e não foi este Senhor enquanto candidato derrotado em larguíssima escala que boicotou e recusou aceitar os resultados? Ou será que a CDEAO ainda não tinha colocado em Bissau, “mesas para conversar”? Essas “mesas” chamam-se AK47 e Ecomib? O futuro se encarregará de os julgar enquanto o seu povo sofre!

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  2. Caro Marcelo

    Apenas escolhi o que me pareceu mais relevante: os 40 anos a que se referia Xanana incluem, claro, os anos do consulado de Cadogo, pelo que não podiam desempatar.

    Eu não defendo «unilateralmente» o poder em Bissau; há uns dias, falou-me no jornalista da Rádio Jovem, e dei a minha opinião... Defendo sim, aquele que considero um projecto positivo para a Guiné-Bissau, que quebre com o ciclo vicioso do infra-desenvolvimento e da instabilidade política.

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  3. Meu caro 7ze,
    Mas também nunca me ouviu ou leu algo a defender Cadogo, agora o que jamais me ouvirá ou lerá é defender quem fez de uma forma cobarde interesseira e oportunista um golpe contra o povo da Guiné-Bissau. Eu que uso como principio, "nunca digas desta água não beberei", abri aqui uma excepção!
    Mas fica claro que não defender Cadogo, não significa pactuar com este crime, porque para a minha posição é irrelevante o nome ou a pessoa, o que é importante é a DECISÃO do povo! E por muito que não concorde, aceitá-la-ei sempre!

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  4. Meu caro 7ze,
    Nas nossas posições estremadas sobre a Guiné-Bissau, o que nos separe são questões de fundo. O meu caro, tem uma visão tecnicamente politizada, direccionada numa determinada facção politica, onde os cidadãos são vistos como números e não como pessoas, e para mim, a única coisa que me move é a condição humana.
    Eu vivi em diversos locais da Guiné-Bissau durante os últimos anos. Aprendi a conhecer um pouco dos desejos, das ambições e dos sonhos daquele povo. Gente feliz, as vezes com lágrimas, mas sempre com uma vontade indómita de dar aos filhos o futuro que lhes prometeram a eles no passado. Cansados de lutas, de guerras de sangue, de fome, de falta de tudo e da presença do nada. Deram-lhe o direito de escolher e durante 4 anos viram luzes a acender no fundo do túnel das suas vidas. Eu também vi como eles, só mesmo você e alguns amigos seus não quiseram ver, e mais grave apagaram-nas, e de novo os levaram para um enorme beco sem saída, ou antes a saída é mais miséria, mais fome, mais doença, mais cala aboca!
    Os outros podiam ter feito mais? Claro que sim, mas ainda assim fizeram qualquer coisa. Eu próprio fui crítico do passo de caracol em que se andava, mas também conheço o ditado que diz, “devagar se vai ao longe, ou depressa e bem há pouco quem”. Por isso aceitei, e por isso desejei mais e mais, porque a GB tem muito potencial para que o seu povo, as suas crianças, os seus jovens, possam ter o futuro que merecem, existe um manancial de riqueza para lhes dar, mas até por isso jamais desculparei aos seus amigos o que fizeram aos seus próprios irmãos.
    A si, até consigo entendê-lo, não é Guineense, é um político, defende princípios ideológicos, quicá interesses de terceiros, agora a eles, repito, nunca lhes perdoarei o que fizeram ao seu próprio povo. E porque ainda assim, acredito que alguém se irá lembrar deles rapidamente, vou continuando por aqui, enquanto você e os outros continuam infelizmente por lá!

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  5. Sr. Marcelo Marques, permita-me com todo o respeito fazer uso duma das passagens do post #1 [...O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, aludiu às quatro legislaturas falhadas do país e fez um apelo aos políticos e autoridades: "a cultura da intriga tem que acabar. Quando houver problemas deve haver uma mesa para conversar"] – fim da citação— para alertar o desenquadramento e derivas deste manuel serifo nhamadjo, que não passa de um hipócrita e elemento muito nocívo para o futuro da Guiné-Bissau; uma criatura que não respeita os padrões de convivência da sociedade à que adere e disposto a todo o custo e momento em subverter e adulterar a mesma desde que os resultados não lhe favoreçam.
    Sustento este alarmismo –que acredito ser partilhado por muitos senão a maioria do povo guineense– através de dois eventos sequênciais protagonizados por este homem muito perigoso para qualquer sociedade que prima pelo respeito dos mais elementares normas do seu funcionamento; primeiro(#1) o serifo nhamadjo perdeu as eleições dentro seu partido para postular-se à candidatura presidencial do país, ao invés de acatar as decisão, decidiu pura e simplesmente fazer valer o seu ego; segundo (#2) e para dar sequência ao anterior acto perverso e nocivo decide de novo recusar os resultados da primeira volta das eleições presidenciais validados pelo supremo tribunal do seu país e publicados pelo orgão ligitimo e organizador da dita eleição, mesmo sabendo que esta foi a decisão da maioria do povo guineense; terceiro (#3) conspira, protaginiza e materializa o mais vergonhoso crime na história eleitoral do país –que é o de interromper a segunda volta das eleições presidenciais. E ainda teve o desplante (este serifo nhamadjo) de solicitar o apoio do Brasil para a realização das próximas eleições que ninguém sabe se vai aceitar de novo o veredicto das urnas (que será obviamente a decisão da maioria do povo guineense).
    Este homem deve ser vigiado de perto e posto à quarentena para não voltar a protagonizar acto vil e ignobil a que está habituado, e que acabará por prejudicar pura e simplesmente o povo guineense e a nova geração.
    Muí respeitosamente.

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  6. Conheci Manuel Serifo Nhamadjo enquanto estive na Guiné-Bissau. Acredito que ele não me conheça, é normal e natural. Um político será sempre um político, ambicioso, narcisista, e sempre com o desejo de poder. Não é um exclusivo desse homem mas sim, acredito de todos os políticos. Ainda assim, existem aqueles que escolhem a via do voto e os que optam pela AK47 e afins. Mesmo sendo como sou um descontente, desconfiado e desalinhado das ideologias políticas, sou um democrata por convicção, e daí que jamais poderia estar do lado dele ou de qualquer outro como ele. Estava há uns anos na Guiné-Bissau quando se deu o golpe contra o povo de 12 de Abril e por lá continuei por largos meses. Assisti por isso á premeditação do golpe e ao que se seguiu. Ao pré-anuncio do seu empossamento, á sua estratégica recusa, a aguardar a legitimação por parte da CDEAO.
    Como vice-presidente da ANP, tinha toda a legalidade para aceitar o cargo, como candidato humilhado e derrotado pelo povo, tinha toda a legitimidade moral, cívica e humana para recusar em nome do bom povo da Guiné-Bissau, ele e todos os civis deveriam tê-lo feito. Dariam uma lição ao mundo, aos militares e teriam o respeito e a gratidão dos seus irmãos.
    Foi o que eu disse na altura, é o que penso ainda hoje. Não confio em políticos, mas ainda assim desconfio mais de uns, que de outros.

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  7. Sr. Marcelo Marques, mais uma vez (anónimo post #5)venho muí respeitosamente corroborar e partilhar a sua “disertação”, quase que na sua totalidade sobre este homem que responde na primeira pessoa de singular pelo nome de manuel serifo nhamadjo, neste espaço de exercício de debate de ideias e de aceitação de diferenças através de observação, idealização e emissão de opinições, dignos de qualquer sociedade pluralista, mas dentro dum quadro estrito de respeito e estíma; entretanto um dos excertos das suas passagens, transcrevo [...Como vice-presidente da ANP, tinha toda a legalidade para aceitar o cargo...] fim da transcrição — aqui sinceramente tenho muitas dificuldades em perceber e “digerir” o termo legalidade num contexto de golpe de estado, condenado unânime e universalmente por todos instrumentos constituicionais, à menos que o Sr. se digne em me ilucidar um pouco sobre este “puzzle” .
    Atendendo a forma e conteúdo de qualquer golpe militar, que é o de interromper e suspender (total e absolutamente) todos os instrumentos legais constituicionais, da ordem e dinâmica normal das mesmas, não consigo encontrar um único denominador comum ou elo “matrimonial” entre um golpe de estado efectivo e a legalidade de qualquer uma das ferramentas institucionais regidas e reguladas pela carta magna que é a constituição da república antes da efectivação do golpe de estado. Porque na lógica os próprios golpistas ao efectivarem o golpe de estado já se auto-constituem ilegais.
    A minha contribução não pretende ferir ou desrespeitar, mas sim partilhar, e se porventura tiver cometido alguma indelicadeza neste meu exercício, muí respeitosamente peço as minhas mais sinceras e antecipadas desculpas.

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  8. Meu caro,
    Tem toda a razão no seu reparo, na verdade quando escrevi legalidade, deveria ter acrescentado, perante os mandantes do golpe ou seja a CDEAO.

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  9. Sr. Marcelo, ( sou anónimo post #5), com a revisão e acréscimos que o senhor se dignou submeter, agora já estou enquadrado dentro da simbologia.
    Mais uma vez muito obrigado port ter permitido partilhar.

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  10. Marques Mendes e Anónimo, daqui o Anómico II, que até já mandou umas bocas. Para dizer muito interessante este debate. Tirando o Emplastro de fora. Estamos a apreender e a compreender, cada vez mais, porque o sentimos na pele. Continuem para o nosso bem estar psíquico. Obrigado.

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