segunda-feira, 24 de junho de 2013

Perfil do futuro Presidente

Antes de começar a discutir nomes, talvez valesse a pena lançar um debate mais «anónimo» acerca do perfil indicado para o cargo, à semelhança do que o Progresso Nacional em tempos fez para o cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Armadas.

Avanço já com a minha opinião. Com toda a recente conversa de «inclusividade», seria um equívoco pensar que o Presidente deve ser um homem de consensos; pelo contrário, julgo que deverá ser um patriota intransigente. Um homem que saiba bater o pé, encarnando uma legitimidade consubstanciada num projecto claro de extirpar da sociedade guineense a condescendência para com «quadros» políticos medíocres, corruptos e prepotentes. É preciso um grande empenho na consistência (já chega de brincar aos países) e transparência (para a credibilidade); esse desafio não é fácil, vai ser preciso uma personalidade férrea (para não dizer ferrenha e teimosa) e conhecedora do país, para não se deixar enganar. Como terá pela frente imenso trabalho, será preciso não deixar em mãos alheias os seus créditos e arregaçar as mangas, mesmo sem ar condicionado.

Para já, uma «pré-candidatura» de Paulo Gomes seria um tiro no pé. A acreditar no Progresso Nacional, parecem haver movimentações no sentido da recolha de apoios... tentando eventualmente antecipar-se na «sugestão» de uma terceira frente «sociedade civil», para fazer frente aos candidatos do PAIGC e PRS. Nos provérbios bíblicos recomenda-se a humildade, para não tentar ocupar lugar de prestígio à mesa, pois pode chegar alguém mais importante, e sermos obrigados a levantar para lhe ceder o lugar... mais vale que nos sentemos lá atrás e depois nos chamem para os lugares da frente. O problema será, obviamente, o «milagre» da multiplicação das terceiras vias, que só servirão para reforçar o partidarismo bipolar. Essa poderia ser uma iniciativa do Fórum dos Partidos, discutir perfil e projecto, encontrar uma personalidade consensual para o cargo, convidá-la, sugeri-la aos eleitores e apoiá-la nas urnas, encarnando assim um projecto sério de mudança.

Já há dez anos Paulo Gomes era o «mais falado»...

4 comentários:

  1. Antes do candidato a Presidente ainda temos o candidato a 1º Ministro. Sendo que pelo histórico das eleições Guineenses ele sairá de entre o candidato do PAIGC e o do PRS.
    Não sendo adivinho mas perfila-se como futuro PM, Domingos Simões Pereira. E chegados aqui encerramos um ciclo iniciado com o golpe de 12 de Abril.
    Depois então, há que pensar nas eleições Presidenciais. Na minha opinião elas deveriam aguardar por um período que aqui sim, deveria se de transição. O Presidente deveria ser uma figura consensual, de reconhecido carisma, credibilidade, cultura, espirito democrático, honestidade moral e intelectual, fora do jogo politico, enfim um Nelson Mandela Guineense!
    Como não podemos ficar á espera de um D.Sebastião, pede-se ás chefias militares da Guiné-Bissau que aceitam o jogo da democracia e aceitam como Presidente aquele a quem o Povo eleger com o seu voto!
    Mas não fugindo á questão, na minha opinião, a figura que mais se adequa ao perfil desejado, tem um nome que aliás á mais de um ano solicitei que se candidatasse a esse cargo… o Ilustre Guineense Dtor Kafft Kosta.
    Marcelo Marques

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  2. Ramos Horta teve declarações mais pragmáticas, dizendo que seria impossível o atempado recenseamento biométrico, que gostaria de fazer eleições «locais» mas não dá, e que o melhor talvez fosse as eleições serem ao mesmo tempo... para poupar dinheiro.

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  3. As duas eleições em simultâneo podem trazer uma nova crispação, absolutamente desnecessária!
    Parece-me claro que Cadogo vai querer candidatar-se, tem toda a legitimidade para isso, e se não aparecer uma figura consensual não tenho dúvidas de que vai ganhar com toda a facilidade. Convencê-lo a não participar será um acto falhado porque ele está com ganas de voltar, e na actual conjuntura, o regresso dele será o mesmo que atirar um fósforo aceso para um barril de petróleo. Ainda existem muitas etapes para queimar em Bissau antes de se avançar para as Presidenciais, isto se não quisermos dar um passo em frente para depois dar dois atrás!

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