De Luanda, um artigo de Martinho Junior sobre a Guiné-Bissau.
«Os países da CPLP que deveriam incrementar a ajuda directa ao povo da Guiné Bissau contrabalançando o esfriamento político, foram incapazes de o fazer.»
A (não) ajuda, que deveria ser orientada para fins humanitários, tem sido utilizada como instrumento de pressão, ao serviço de interesses ainda por esclarecer.
O autor defende uma ideia interessante, aliás consagrada na doutrina católica do «direito à revolta». São Tomás de Aquino estabeleceu que, quando o poder soberano é manifestamente iníquo e mantém a sociedade numa violência intolerável, os súbditos têm o direito (e mesmo o dever) de revolta e de procurar uma outra organização da vida social; direito esse que recomendava limitar pela prudência, ou seja, nunca se deveria arriscar a cair numa situação ainda pior que aquela que se pretende combater. Seria como saltar do caldeirão para ir cair no lume (uma boa achega às teorias brasileiras, forjadas na Líbia, depois infelizmente confirmadas); a emenda não deve ser pior que o soneto.
Neste ponto em particular, discordo do autor, julgo que a situação seria hoje muito pior, se as coisas tivessem seguido o curso «normal», ou seja, sem o contra-golpe de 12 de Abril.
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