Neste sentido, julgo louvável e encorajadora a mensagem que Rui Ndem deixou, no âmbito do desafio do PN Futuro Dirigentes. Louvável porque o antigo oficial adere em tudo à proposta original, que era a da definição de um perfil, enumerando depois os vários candidatos possíveis de enquadrar nesse perfil. Encorajadora porque traduz uma profunda reflexão e é feita de forma muito ética e com muito tacto, evitando tomar partido na questão política, ou seja restringindo-se à militar. Não resisto a citar: «Ma na fala bos kuma, dia ku no tene politicos responsaveis, militaris na para ronca malcardessa.»
No entanto, julgo que a questão ultrapassa a opinião individual, para revelar um potencial mal-estar entre a hierarquia castrense, quando à possibilidade aventada de poderem vir a ser comandados por um Oficial de patente inferior. É caso para perguntar, neste caso, se todos os CEMFA que a Guiné conheceu respeitaram essa lista de critérios tão especificada. Ou, pelo contrário, não terá sido precisamente esse o problema? A não emergência de uma elite militar realmente «qualificada»?

Quanto à questão hierárquica, temos por exemplo o precedente, em Portugal, durante o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, da graduação a título provisório de Otelo Saraiva de Carvalho em General para poder comandar pontualmente patentes superiores, após o que voltou à patente inicial. O que está em causa, não é uma parada, nem uma feira de vaidades, mas o futuro da Guiné-Bissau. Na minha opinião, os mais velhos deveriam, por outro lado, cerrar fileiras com orgulho em torno destes jovens saídos da sua «escola» e acreditar que algo de novo se prepara para a Guiné.
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