Avisado por Deus, Noé conseguiu, embarcando na sua arca no prazo estipulado, salvar a biodiversidade das águas do Dilúvio.
Noé precisava apenas de se salvar das águas, por isso construiu uma simples arca, capaz de flutuar e com capacidade para a bicharada toda, para além da sua grande família. Quando parou de chover e as águas baixaram, a arca encalhou em terra firme, garantindo a continuidade da vida no mundo.
A canoa lançada em Boé, andou quatro décadas à deriva e encalhou. A Guiné, depois de ter encarnado as maiores esperanças de verdadeira Libertação africana, abriu falência, tornando-se um estado pária perante a opinião mundial. sob as malignas designações de estado falhado, narco-estado ou mesmo de não-estado.
Depois de tantos sobressaltos traduzidos em assassinatos políticos, golpes de estado, a intervenção dos EUA desempenhou um efeito de catarse colectiva, confrontando os guineenses com a insustentabilidade da anarquia e avivando sobremaneira as suas preocupações em relação ao futuro do país.
Querendo apresentar as suas agendas pessoais a título de salvadores da pátria, alguns falaram de uma «última oportunidade» (cenário diluviano e apocalíptico). Em parte têm razão, a Guiné está, na minha opinião, perante uma oportunidade escatológica para evitar o fim do seu «lugar» no mundo.
Nestes momentos, são contra-indicadas as simples medidas paliativas. Perante o estado de choque, só medidas de choque se podem revelar eficazes.
Barco sem leme não conhece rumo.
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