sexta-feira, 1 de junho de 2012

Angola - Plataforma do capitalismo neo-liberal viola direitos humanos

O papel emergente de Angola, palavra-chave de um puzzle mais complexo, o redesenho do mapa «neo-colonial» de África, numa nova Conferência de Berlim «informal» século e meio depois, vem colocar novos desafios, traduzindo-se decerto em ameaças fulminantes, mas também em apetitosas oportunidades para o capital internacional, já habituado a uma forte dose de volatilidade no ramo. Petróleo e as riquezas minerais são o novo chamariz: quem lhe toma o gosto...

O Presidente Amadou Touré do Mali cometeu o erro de se esquecer da companhia francesa Total, na «avaliação» das potencialidades de petróleo e gás na bacia Taoudeni (entre a Mauritânia e o Mali), recebendo 70 milhões de euros da Petro Plus Angola Limited, a fim de esta poder fazer a pesquisa, exploração, transporte e refinação de petróleo: Angola parece subvalorizar o papel dos franceses da Total, preferindo as multinacionais anglo-saxónicas (Chevron, Exxon e Mobil), mas sobretudo esquecer que ainda há «áreas» de influência tradicionais.

Quando tenta alargar a sua área de influência além fronteiras, demasiado «além», numa ambição despudorada e desmesurada, Angola está a jogar um jogo identitário perigoso... por sua iniciativa ou mesmo quando chamada, como no Sudão do Sul, esta dispersão de interesses só poderá esgotar a vitalidade e o papel verdadeiramente promissor e construtivo que Angola poderia desempenhar no continente. Lamentável caso de estudo, o desperdício de uma nação...

Enquanto isso, o campeão da democracia, José Eduardo dos Santos, distribui uns kwanzas sujos a esquadrões da morte para eliminarem a oposição mais incómoda: num veemente e sentido apelo lançado hoje por antigos militares que apenas queriam manifestar o seu desagrado com condições de vida desumanas e falta de apoio do governo angolano, numa manifestação que acabou impedida pelas autoridades; mas pior, dois dos dirigentes do movimento desapareceram. Um dos promotores do protesto, Tomás Artur Maria, dirigiu-se à imprensa assinalando os raptos, afirmando temer que os seus colegas estejam a ser torturados ou acabem por desaparecer sem rasto: "O povo já sabe que no domingo foi detido o Álvaro Kamulingue e desde então não há rasto dele. Na terça-feira, foi detido o dirigente máximo, Isaías Sebastião Kassule. Estamos à procura em toda a parte, fomos a todas as esquadras da polícia, mas os comandantes estão a negar toda a responsabilidade."

http://www.portaldeangola.com/familia-de-alves-kamulingue-continua-ser-saber-do-seu-paradeiro/

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