
Não sejas = a toda a gente
Difere, ente,
prefere uma noite in,
diferente...
Retro-escavadoras, demolições, vibrações, camiões de 20 toneladas ou mais a passar (que, aliás, estão proíbidos de passar no Centro Histórico) por uma rua apoiada num ponto extremamente fragilizado e exposto? Uma grave irresponsabilidade... que confirmei na Terça de manhã, quando me dirigi para o «Teatro de Operações» para levar a cabo a acção de bloqueio: pouco passava das 9h; no local, apenas o operador da retro-escavadora, a «estudar» por onde começar e o motorista do camião basculante para o transporte do entulho... Eu estava decidido a tentar chamar a atenção para o caso, a não me conformar com uma ordem idiota, dada por alguém irresponsável a coberto de uma secretária. Dirigi-me, de forma o mais tranquila e cordial possível, aos dois operários, explicando-lhes a minha posição e pedindo-lhes que não fizessem mais nada até à chegada de algum responsável: diga-se, em abono da verdade, que se mostraram compreensivos, imobilizando de imediato as máquinas, sem que eu precisasse de sujar o casaco. Dirigi-me entretanto a outro funcionário da Câmara, que acompanhava as obras, dando-lhe parte das minhas intenções de obstrução daqueles trabalhos, pedindo-lhe para dar parte delas aos superiores, na Câmara, o que este fez. Então, durante umas inconcebíveis duas horas e meia, nada se passou, excepto a passagem dos jornalistas do Jornal O Ribatejo. Não apareceu ninguém: parecia que ninguém queria assumir a responsabilidade daquela obra. Pouco antes do meio-dia, chegou o engenheiro Paulo, da Câmara, acompanhado de outros dois engenheiros, a quem perguntei se tinham ordenado aqueles trabalhos, ao que me responderam que não; pelo que logo declarei que se não dessem ordens para que os trabalhos fossem interrompidos de imediato manteria a minha posição, até obter as devidas explicações do responsável «político», de outra forma só abandonaria o local constrangido pelo uso da força. Os operários foram dispensados até às 14h... A essa hora apareceu no local um fiscal da Câmara, a quem me apresentei como munícipe e às minhas reivindicações, pelo que este tentou, pelo telemóvel, sem sucesso, apurar quem ordenara os trabalhos, colocando a descoberto a grave irresponsabilidade que, na minha opinião, rodeou todo o processo. Sem ninguém que desse a cara, ou se dignasse fornecer explicações, o referido fiscal, embora dando sinais de compreender o bem fundado das razões apresentadas, chamou a polícia acusando-me de obstrução à tomada de posse administrativa que estaria em curso, afirmando cumprir «ordens» (nos campos de concentração, também se limitaram a cumprir ordens...). Sozinho, pouco mais poderia fazer. Onde está a Associação de Defesa do Património? Existe realmente? Não deveria estar na linha da frente, chamando a atenção do tanto que há para fazer (na devida altura) aqui e em tantos mais sítios infelizmente...