quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Escândalo em Timisoara

A população local, como forma de protesto contra a apropriação de bens municipais por interesses particulares, organizou uma visita guiada pelos muitos locais de património ilegalmente extraviado. O local mais emblemático desta visita é a vivenda de Ceausescu, cujo «promotor imobiliário e accionista» se descobriu ser Ovídio Tender, o mafioso há pouco tempo condenado a 12 anos e 7 meses de prisão, por fraude e branqueamento de capitais, o qual alimentava, entre outros projectos, o de uma companhia aérea, para o desenvolvimento do tráfego entre a Guiné-Bissau e a Roménia.

Ver artigo saído ontem.

Presidente dixit

«Djitu ka tem. Até quando?»

Poderosa, esta mistura de duas frases simples. A «desculpa» mais ouvida em Bissau para o estado de coisas vigente («não tem jeito») e a famosa invectiva de Cícero, nas suas Catalinárias, e que pressupõe a continuação «(até quando) abusarás da nossa paciência?».

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Intrusão

Na Guiné-Bissau, o Tribunal Militar é independente e autónomo e não responde perante o Supremo Tribunal de Justiça. Que se critique esse estado de coisas, como o fez durante a campanha eleitoral do ano passado a ex-Ministra da Justiça, enquanto candidata do PUSD, é uma coisa. Que o Supremo, entusiasmado com o aplauso da sua «moção de rejeição», queira dar o salto maior que a perna e constituir-se como actor político, em clara violação do estabelecido, sem um acórdão colectivo bem fundamentado, torna-se puro delírio e sujeitará quem assinou este abjecto documento ao público opróbrio. Uma «decisão» que é apresentada como «ordem»? Limitando a argumentação a um considerando que «não foi um crime essencialmente militar»? Como assim? Um assalto a um quartel não é um «crime essencialmente militar»? Então é o quê? Um acto de cidadania?

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Pedido de desculpas aos irmãos e irmãs timorenses

O primeiro-ministro timorense está a ser muito simpático e condescendente, nas suas declarações a propósito do V centenário da chegada a Timor (lembre-se que o «presídio» australiano só foi pretensamente descoberto mais de 250 anos depois!). A expressão corrente é mais extensa «Seria no mínimo deselegante...». 

Depois de ter ignorado o VI centenário da tomada de Ceuta, que inaugurou a aventura (o mundo moderno e outras coisas mais), este «Presidente» senil e já incapaz de cumprir as mais básicas funções de representação, de «corta-fitas», é indigno e não representa a Nação. Há 42 anos falava-se de «Brigada do Reumático»... estou na dúvida de qual seria a designação actualmente mais adequada, mas para não me cansar, que não merecem, fico-me pela «repugnante corja de imbecis». 

Em nome dos portugueses e portuguesas que se envergonham do actual «estado» do país, apresento as desculpas ao povo timorense, por tamanha insensibilidade e anti-patriótica pequenez. Perdoai aos pobres de espírito...

Líderes : precisam-se

Discurso proferido pelo irmão Ramos Horta perante o Rei da Suécia, na Universidade de Uppsala. Começando por lembrar os contributos suecos para o desenvolvimento africano, citando os casos da Guiné-Bissau e de Moçambique. Um discurso longo mas que vale a pena ler! 

Um discurso de humildade, de fé na humanidade, de tolerância, não excluindo duras mas justas críticas à hipocrisia da Organização para a qual tem vindo a trabalhar, mas ao mesmo tempo um grito de esperança na mudança, que as suas palavras traduzem, quando partilha as principais ideias de força do relatório preparado pela sua equipa, sobre mediação de conflitos. 

Depois de se insurgir contra o próprio Secretário-Geral, lamentando as tentativas de minimização das conclusões do dito relatório, e da redução a uma versão adocicada e politicamente (ou hipocritamente) correcta (inofensiva), deixa-nos por principal mensagem algo muito simples: prevenir as barbaridades que cada vez mais poluem o planeta é uma questão de liderança:

«To prevent conflicts, end wars, heal wounds, reconcile communities and nations, build durable peace, we require leaders with vision, courage, determination, humility and compassion.» 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Dança com fósforos (sobre o barril de pólvora)

Faltam 9 dias para o dia 11 do 11. O dia de São Martinho, o grande que partilhou a sua capa com um mendigo, tornou-se num contra-exemplo para o regime angolano. Basta ler a declaração desse dia, há 40 anos, para constatar a subversão de todos os valores nela enunciados. Perigo de inflamação. José Eduardo dos Santos está na iminência de saltar, como uma castanha ao lume (à qual se esqueceram de dar o corte na hora certa). E não serão indignos mercenários como o ex-embaixador Martins da Cruz que o vão salvar.

O senhor Presidente dançarino vem argumentar, segundo o F8, que as receitas do Estado «aumentaram ligeiramente»? Grosseiro subterfúgio esse, de incluir o endividamento na receita! O que lhe vale é que está em Angola, onde a faculdade de pensar não existe, pois qualquer estudante de contabilidade lhe poderia corrigir a afirmação, como o fiz aqui, por ocasião da aprovação da rectificação do OGE, no início do ano. O argumento, para além de falacioso, já está estafado, senhor Presidente, exactamente à sua imagem!

Destapada a careca, já não consegue esconder que virou pobre! Todo o seu sistema não estava virado para a produção de riqueza, mas para o gamanço piramidal; obviamente que vai começar a disfuncionar. E o pior, na perspectiva e mentalidade dos seus próprios acólitos, nem sequer é deixar de pagar os ordenados, mas sim ter-se tornado pobre e frustrado! Quem confia num frustrado, que mantém jovens intelectuais promissores a granel na prisão, sem qualquer solução para o país senão o apodrecimento e o atrofio?


Este cartoon já tem uns meses, mas mantém toda a sua actualidade!